AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE EVOCAR A MEMÓRIA AUDITIVA POR ESTÍMULO VERBAL DIGITALMENTE RESTRITO
Audição. Estimulação acústica. Percepção auditiva. Sistema nervoso central. Transtornos da percepção auditiva.
A compreensão da fala requer a reconstrução constante, pelo sistema nervoso central, dos sinais sonoros corrompidos pelos sons ambientais, uma habilidade do processamento auditivo central conhecida como fechamento auditivo. Atualmente se utiliza no Brasil, para avaliar esta habilidade, a testagem com monossílabos filtrados analogicamente, que tem um material de fala restrito e uma limitada atenuação dos componentes acústicos, não forçando, adequadamente, o sistema nervoso a recompor a mensagem original. O objetivo desta tese foi avaliar a capacidade de realizar o fechamento auditivo usando material de fala com conteúdo significativo, cuja redundância extrínseca seja efetivamente reduzida através de filtragem digital, tanto na faixa de frequência quanto na intensidade de atenuação sonora, a fim de aprimorar a detecção de falhas do sistema nervoso central em compreender a mensagem original. Realizou-se um estudo transversal e prospectivo. Inicialmente palavras com conteúdo significativo, usadas na alfabetização, foram selecionadas a partir de verificação da compreensão por crianças saudáveis. A seguir, este material de fala foi filtrado digitalmente em diversas frequências de corte passa-baixas e passa-altas e escutadas por adultos normo-ouvintes, para estabelecer a frequência de corte adequada para a testagem. Os dois novos testes de fala filtrada foram aplicados em crianças e adolescentes de diferentes faixas etárias para determinar como a idade afetava o desempenho, e em crianças com alterações do processamento auditivo, antes e depois do treinamento auditivo acusticamente controlado para avaliar a capacidade diagnóstica e a melhora clínica após o tratamento. Houve um aumento progressivo do desempenho com filtros menos restritivos (p<0,001) e com o aumento da idade para todos os testes (p<0,001). O fechamento auditivo para filtragem passa-baixas amadureceu mais precocemente do que com filtragem passa-altas. Demonstrou-se que os novos testes também podem ser usados para o diagnóstico de alterações do processamento auditivo e para a avaliação da melhora funcional após o treinamento auditivo. Estes testes aprimoram as ferramentas de diagnóstico atuais para avaliar o fechamento auditivo, fornecendo informações sobre a sua maturação durante o desenvolvimento normal, validando este método para o diagnóstico e para o controle após o tratamento de pacientes com alterações do processamento auditivo.