ANÁLISE DE ALTERAÇÕES DE EXPRESSÃO GÊNICA NA LINHAGEM DE NEUROBLASTOMA DE MURINO N2A APÓS INOCULAÇÃO DO VÍRUS DA RAIVA
Palavras claves: Morcego. Vírus, Raiva, Rhabdoviridae, Cultura celular.
A raiva ( RABV) é uma infecção viral fatal do sistema nervoso central, causada por um vírus altamente neurotrópico do gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae, com genoma de RNA de polaridade negativa, relativamente pequeno (~12kb), não segmentado que codifica cinco proteínas virais (3'to 5’): nucleoproteína N, fosfoproteina P, proteína de matriz M, glicoproteina G, e polimerasa (RNA dependente de RNA) L. A partícula viral tem uma forma de bala, com 100-300 nm de comprimento e 75 nm de diâmetro. A doença tem curso clínico, passando de febre, dores musculares e dores de cabeça a comportamento alterado, disfunções autonômicas, hidrofobia, fotofobia e paralisia culminando com a morte. A raiva não tem uma distribuição homogênea dentro dos países onde circula, já que muitos deles são áreas livres, enquanto outros apresentam baixa e alta endemicidade, e outros ainda com surtos epizoodémicos. Geralmente é transmitida pela mordida de um animal infectado (adquirido através da saliva contaminada pelo vírus). O vírus circula através de dois ciclos epidemiológicos diferentes: a raiva urbana, em que o cão doméstico é o principal transmissor e reservatório do vírus, e a raiva silvestre, ou selvagem, onde várias espécies selvagens atuam como reservatórios e transmissores. A perda econômica por causa desta doença é de aproximadamente 250 milhões de dólares anuais. O agente transmissor, o morcego Desmodus rotundus possui ótima adaptação ao meio ambiente; encontra-se desde o nível do mar até 3.500 m, embora prefira as regiões baixas, arborizadas e úmidas ao longo dos rios. Neste sentido, o Brasil, especificamente a área pertencente à região amazônica, representa um cenário chave para estudos com este morcego, pela representativa taxa de casos de vírus raiva. Nos últimos anos, a vacina tem sido voluntária e não obrigatória. Estudos sobre capacidade infecciosa em cultivos celulares mostraram que é um vírus que tem um movimento nas fibras neuromotoras de aproximadamente 1mm/h. Observou-se também que a capacidade infecciosa e a capacidade de proliferação, apresentam claras diferenciações entre linhagens silvestres ou urbanas, sendo que linhagens silvestres têm maior grau de infecção com relação a linhagens urbanas. Apesar de estudos in vitro explorarem diversas alterações fisiológicas e morfológicas nas células, as alterações no transcriptoma, causadas pela infecção com o vírus, ainda se apresentam um campo aberto. Nesse sentido, o presente projeto se propõe a analisar alterações na expressão gênica de células da linhagem murina N2A, originárias de neuroblastomas, com o intuito de trazer informações que auxiliem no entendimento da interação entre o vírus da raiva e as células do sistema nervoso do organismo infectado.