RUPTURA DO TENDÃO CALCÂNEO INDUZ ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS E HISTOLÓGICAS NA MEDULA ESPINHAL DE CAMUNDONGOS
Tendinopatia, Medula espinhal, Tendão calcâneo.
A fisiopatologia dos tendões envolve liberação de mediadores neurais que desempenham papel ativo na regulação da dor, inflamação e homeostase do tendão. Novos direcionamentos têm apontado que a lesão não se restringe às alterações estruturais do tecido, mas envolve uma possível participação do Sistema Nervoso Central (SNC) na regulação da lesão. Nesse contexto, ainda é desconhecido se a lesão tendínea afeta o SNC, desse modo, o presente estudo tem por objetivo investigar possíveis alterações histológicas e bioquímicas na medula espinhal (L5) provocada pela ruptura total do tendão calcâneo em modelo experimental de murinos. Para isso, os animais foram submetidos à tenotomia do tendão calcâneo, divididos em três grupos experimentais (n=36): 1) Controle; 2) Ruptura e 3) Ruptura+Sutura. Foi avaliado o número de células totais da substância cinzenta da medula espinhal no segmento vertebral L5 por marcação com DAPI. A reatividade glial foi avaliada por imuno-histoquímica para microglia (IBA-1) e astrócitos (GFAP) em 7, 14 e 21 dias após ruptura do tendão.
A participação do sistema nitrérgico foi investigada pela quantificação dos níveis teciduais de nitrito na intumescência lombar em 7, 14 e 21 dias pós-lesão e, pela imunomarcação de iNOS (NOS2) em L5. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o teste ANOVA-1via e pós teste tukey, considerando significativo p<0,05. Os resultados foram expressos em média ± DP. A análise da quantidade de células demonstrou que o grupo Ruptura apresentou número menor de células em 7 (1408,33±58,59; p<0,05), 14 (1402,7±72,7; p<0,05) e 21 (1374,5±74,2; p<0,01) dias pós-lesão em relação ao grupo controle (1668±52,3) e em relação ao grupo Ruptura+Sutura nos dias 7 (1655±66,5; p<0,05), 14 (1639±48,5; p<0,05) e 21 (1668,3±14,1; p<0,01). O grupo com sutura não diferiu do grupo controle. Os resultados da reatividade glial mostraram que em 14 dias pós lesão as microglias se encontravam ativadas em L5 e que os astrócitos estavam ativados em 7, 14 e 21 dias pós lesão. A quantificação de nitrito mostrou maiores níveis de nitrito do grupo Ruptura em 7(0,0004±10,8x10-5, p< 0,01) e 14 dias (0,0006±1.06 x10-5, p< 0,01) pós lesão em relação ao grupo controle (0,0002±3.45x10-5). A imunomarcação para iNOS foi identificada em 14 dias pós lesão no grupo Ruptura. Nossos resultados demostraram que a ruptura do tendão calcâneo induz alterações na medula espinhal quanto ao número de células totais, ativação de células gliais e participação do sistema nitrérgico em modelo experimental de murinos. Desta forma, aponta para possíveis eventos degenerativos, oxidativos, inflamatórios e de plasticidade neural na medula espinhal decorrente da lesão do tendão calcâneo destacando a participação do SNC no processo de reparo desta lesão.