Multidroga-resistência primária em hanseníase Virchorwiana no Pará, Brasil
Hanseníase, Mycobacterium leprae, multi-droga resistência, Busca ativa.
A realidade da resistência do Mycobacterium leprae aos antimicrobianos é um quadro a ser a ser elucidado. Dados da OMS sugerem que há cerca 2,1% pacientes com cepas que apresentam resistência primária e 5,2% de resistência em cepas de recidiva hansênica. Este estudo, através da avaliação de pacientes em uma Unidade de Referência Especializada, detectou multidroga-resistência primária, em paciente com hanseníase multibacilar, da forma clínica Virchorwiana, com sorologia Anti-PGL-I (NDO-BSA), Baciloscopia e qPCR positivas. A análise molecular da cepa mostrou que esta pertence ao SNP 4P, e perfil de hipermutação, ocasionando mutação em folP1 (P55L) e uma mutação nunca antes detectada em gyrB (T503I), conferindo resistência à Dapsona e às Quinolonas respectivamente. Diante deste problema, foi realizada uma busca ativa no município de residência do paciente, para a avaliação de contatos (HHC) e da comunidade. Foram avaliados 348 HHC de pacientes notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) nos últimos 10 anos, destes, 11,68% (16/137) casos novos de hanseníase, além de 3,9% (7/178) escolares da rede municipal de ensino. Na família do caso índex, foram detectados 14,3% casos novos (2/14), esposa e filho. Não foi possível amplificar as regiões responsáveis pela droga-resistência na cepa que causava a doença na esposa, enquanto que no filho, a análise demonstrou não haver mutações. Não sendo portanto, a mesma cepa que causou a doença no caso índex. Embora não tenham sido detectados outros casos com a cepa multidroga-resistência, existe a necessidade do monitoramento, uma vez que a região é considerada de muito alta endemicidade para a doença.