INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE MASTIGATÓRIA E DO AMBIENTE SOBRE O APRENDIZADO ESPACIAL E A MORFOMETRIA DOS ASTRÓCITOS DO GIRO DENTEADO EM MODELO MURINO SENIL
mastigação; ambiente enriquecido; memória espacial; astrócitos, morfometria.
Para medir possíveis influências da mastigação e do estilo de vida sedentário sobre o aprendizado espacial e sobre a morfologia dos astrócitos do giro denteado em modelo murino senil, impusemos um de três regimes de dieta aos diferentes grupos experimentais, desde o 21º dia pós-natal até 6 ou 18 meses de vida. O grupo controle com atividade mastigatória normal recebeu dieta sólida tipo pellet, o grupo com atividade mastigatória reduzida recebeu dieta em pellet seguida por dieta em pó (farelada); e o grupo com atividade mastigatória reabilitada recebeu dieta peletizada seguida de pó e novamente peletizada. Os intervalos de tempo foram iguais em cada dieta. Para mimetizar o estilo de vida sedentário ou ativo, os animais foram mantidos até o final dos testes comportamentais, respectivamente, em gaiolas-padrão (ambiente empobrecido) ou em gaiolas enriquecidas (ambiente enriquecido) e então, sacrificados para perfusão com salina e fixadores aldeídicos. Para medir os efeitos da dieta, do ambiente e da idade sobre a aprendizagem e a memória espacial, medimos o desempenho dos animais no labirinto aquático de Morris e encontramos que a redução da atividade mastigatória, independente do ambiente, diminuiu a taxa média de aprendizado espacial, e sua reabilitação recuperou as perdas associadas em animais jovens. A reabilitação mastigatória combinada ao ambiente enriquecido aumentou a taxa de aprendizado nos animais velhos. Não se encontrou correlação entre taxa de aprendizado e velocidade de nado dos camundongos, sugerindo que os déficits e sua recuperação refletem desempenho cognitivo. Para os estudos morfológicos, empregamos imunomarcação seletiva de astrócitos dirigida para a proteína fibrilar ácida glial (GFAP), reconstruindo em três dimensões aqueles situados no terço externo da camada molecular do giro denteado. Foram reconstruídas digitalmente 1800 células e o estudo morfológico, empregando a análise hierárquica de cluster, revelou dois fenótipos morfológicos designados tipo I e II, que foram afetados diferencialmente pelas variáveis estudadas e podem estar desempenhando funções distintas. O envelhecimento reduziu o nível de complexidade das árvores astrocitárias, enquanto que a alteração mastigatória reduziu-a somente nos animais jovens, aumentando a complexidade dos ramos nos animais velhos. Já o ambiente enriquecido, parece minimizar essas alterações morfológicas induzidas pelo envelhecimento e alteração mastigatória. Concluimos, assim, que a redução da atividade mastigatória e o envelhecimento em camundongos prejudicam a aprendizagem espacial desses animais no labirinto aquático de Morris, com redução na complexidade dos ramos astrocitários. Já a reabilitação da atividade mastigatória parece recuperar essas perdas e uma combinação de ambiente enriquecido e reabilitação oferece benefícios significativos tanto para camundongos jovens quanto velhos, com mudanças morfológicas compatíveis com os achados comportamentais.