ANÁLISE GENÔMICA COMPARATIVA E OS POLIMORFISMOS NOS GENES TNFA, IFNG, IL6 e IL10 ASSOCIADOS À EXPRESSÃO DE CITOCINAS NA INFECÇÃO POR Plasmodium vivax NO MUNICÍPIO DO ITAITUBA, ESTADO DO PARÁ
Polimorfismos; Citocinas; P. vivax; SNPs; CNVs
A malária é uma das mais importantes doenças transmitidas por vectores e que acomete grande parte da população mundial. O P. vivax é a espécie predominante nas Américas, representando 64% dos casos. A área endêmica da malária no Brasil compreende a Região Amazônica, responsável por 99% dos casos autóctones.
Trabalhos anteriores demonstraram a alta prevalência da malária em garimpeiros na região Amazônica e a espécie mais frequente envolvida é o P. vivax. A resistência à malária faz parte da interação de diferentes fatores que regulam as relações entre o parasito e o hospedeiro. Essa interação é um fator determinante
na resposta imune a infecção. Os SNPs nos genes de citocinas têm sido explorados em estudos de variação genética humana e tentam explicar a influencia dessa variação na susceptibilidade as doenças infecciosas. As CNVs também podem afetar potencialmente a expressão dos genes de várias maneiras, contudo pouco
se sabe sobre o papel dessa variação genética na adaptação humana frente à infecção pelo P. vivax. O estudo objetivou investigar se as alterações genômicas quantitativas e os SNPs nos genes TNFA-308A>G, IFNG+874T>A, IL6-174C>G e do haplótipo -1082/-592/-819 no gene IL10, associados à produção de citocinas
podem influenciar na fisiopatogenia da malária vivax. O estudo investigou 129 indivíduos da cidade de Itaituba, estado do Pará, sendo 79 indivíduos não maláricos e 50 pacientes positivos para P. vivax e destes, 15 tinham infecção primária a malária e 35 pacientes relataram episódios anteriores a infecção. Foi determinada
a densidade parasitária pela gota espessa; os parâmetros hematológicos; as citocinas foram dosas por citometria de fluxo; a genotipagem dos SNPs foi feita por PCR-SSP e a variação no número de cópias foi determinada pela técnica do aCGH. A analise estatística foi realizada utilizando o programa Bioestat e Graph-pad prim. Observados que ambos os grupos maláricos (primário e recorrente) apresentaram redução significativa no número de plaquetas e os pacientes com malária recorrente observamos aumento significativo na porcentagem de monócitos. Não observamos diferenças significativas na frequência dos SNPs e não observamos
associações com a infecção. Observamos diferenças significativas nos níveis plasmáticas das citocinas entre os grupos; observamos níveis significativamente maiores no indivíduos com o haplótipo IL10GCC/GCC e correlação entre os níveis das citocinas IL-10, TNF-α e IL-6 e a densidade parasitária. Observamos um aumento significativo no nível das citocinas IFN-γ, IL-6 e IL-10 no grupo com malária primária em comparação ao controle endêmico, bem como um aumento significativo na expressão das citocinas TNF-α, IL-6 e IL-10 no grupo com malária recorrente em comparação ao grupo controle, enquanto que a expressão da citocina INF-γ foi significativamente maior no grupo com malária primária em comparação com o grupo malária recorrente. Descrevemos pela primeira as alterações quantitativas no genoma dos pacientes infectados com P. vivax. Identificamos 112 genes amplificados e 12 genes deletados na população em estudo, porém as CNVs encontradas não incluíam nenhum gene relacionado com receptores ou fatores de resistência a malária vivax e nem estavam correlacionados com os dados clinico-patológicos da doença. Este estudo fornece dados adicionais sobre as interações Plasmodium-hospedeiro e descrevem as alterações quantitativas no genoma na infecção pelo P. vivax numa área endêmica de garimpo.