ANÁLISES MOLECULARES DA ALÇA-D NO DNA MITOCONDRIAL DE ASTROCITOMAS NA POPULAÇÃO PARAENSE
ANÁLISES MOLECULARES
ALÇA-D
DNA MITOCONDRIAL
ASTROCITOMAS
POPULAÇÃO PARAENSE
Câncer é um grupo de doenças que se caracteriza pela perda do controle da divisão celular e pela capacidade de invadir outras estruturas orgânicas (INCA, 2012). É um termo genérico dado a um grande grupo de doenças que podem afetar qualquer parte do corpo (WHO, 2012). Pode ser causado por tanto fatores externos ao organismo, como substâncias químicas, irradiação, vírus, etc. quanto por fatores internos, como hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas. Os fatores causais podem agir em conjunto ou em sequencia para iniciar e/ou promover o processo carcinogênico. Em geral, dez ou mais anos se passam entre exposições ou mutações e a detecção do câncer e, na maioria das vezes, o câncer não é hereditário (INCA, 2012). Existem apenas alguns raros casos que são herdados, tal como o retinoblastoma, um tipo de câncer de olho que ocorre em crianças. No entanto, existem alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais sensíveis à ação dos carcinógenos ambientais, o que explica por que algumas delas desenvolvem câncer e outras não, quando expostas a um mesmo carcinógeno (INCA, 2012). Uma característica definidora de câncer é a criação rápida de células anormais que crescem além de seus limites habituais, e que podem então invadir partes adjacentes do corpo e se espalhar para outros órgãos. Este processo é referido como metástase e as metástases são a principal causa de morte por câncer (WHO, 2012). Não se trata de uma doença moderna, claramente existe há muitos séculos. No entanto, é um fenômeno mais comum no homem hoje em dia do que anteriormente. Em grande parte, devido ao crescimento da população mundial e à idade relativamente avançada até a qual as pessoas atualmente vivem, já que é uma doença mais comum em idosos do que em jovens (WCR, 2008). O câncer afeta a todos – os jovens e velhos, os ricos e pobres, homens, mulheres e crianças – e representa um grande fardo para os doentes, famílias e sociedades. É uma das principais causas de morte no mundo, particularmente nos países em desenvolvimento (WHO, 2012). 2 No entanto, muitas destas mortes poderiam ser evitadas. Mais de 30% dos casos pode ser evitado através do estilo de vida saudável ou por imunização contra infecções cancerígenas (HBV, HPV). Outros podem ser detectados cedo, tratado e curado. Mesmo com câncer em estágio final, o sofrimento dos pacientes pode ser aliviado com cuidados paliativos (WHO, 2012). Segundo o INCA, no Brasil, as estimativas para o ano de 2012 nas taxas brutas de incidência por 100 mil habitantes é de 518.510 novos casos, sendo 21.700 destes, na região norte do país. O INCA ainda estima a incidência de neoplasias malignas para 2012 no Pará em 113,21 casos para 100 mil homens e 137,28 casos para cada 100 mil mulheres. As taxas de mortalidade por câncer no Brasil, que subiam em média 0,22% ao ano nos anos 90, passaram para um aumento anual de 0,3% entre os anos de 2000 a 2009 (INCA, 2012). Em 1990 tinha-se uma relação entre morbidade e mortalidade de aproximadamente 9,9%, vinte anos depois, essa relação progrediu consideravelmente para cerca de 15% ( Figura 1 Fonte Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; MS/INCA/Conprev/Divisão de Informação. 9.9 10.4 10.6 10.3 10.6 10.8 11.1 11.6 11.6 11.9 12.3 12.6 12.8 13 13.4 14.2 14.5 14.8 15 14.9 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Mortalidade percentual por câncer no Brasil: entre 1990 e 2009. 3 Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO), através da consolidação de dados de vários institutos de pesquisa publicados no Report aumento anual, é de 20 milhões de novos casos acompanhados de 12,9 milhões de óbitos. Considerando um aumento anual de 1% na incidência, esses valores saltam para 26,4 milhões de novos casos acompanhados de 17 milhões de óbitos ( 1 taxa de aproximadamente 64% (WCR, 2008). Tabela 1 Fonte Ano Estimado Óbitos (milhões) Incidência (milhões) Obs American Cancer Society 2007 7.6 12.0 (a) IARC 2008 7.6 12.4 WHO 2005 7.6 - (a) U.I.C.C. 2002 6.7 10.9 Globocan 2002 6.7 10.9 Institute of Medicine 2001 7.0 - Mathers and Loncar 2030 11.5 - IARC 2030 12.9 20.0 (b) IARC 2030 17.0 26.4 (c) (a): estimativa baseada em Globocan; (b): assume ausência de mudança na taxa; (c): assume aumento de 1% ao ano na incidência. O câncer do sistema nervoso central (SNC) representa, na população mundial, aproximadamente, 2% de todas as neoplasias malignas (INCA, 2012). A incidência de tumores cerebrais primários está estimada entre 7,2 a 12,5 por 100 milhões de pessoas ao ano, também representando em torno de 2% de todos os tumores primários em adultos e 23% dos casos de câncer infantil. As taxas de 4 incidência não apresentam grandes variações geográficas (MARIE e SHINJO, 2011). No Brasil, sem considerar os tumores da pele não-melanoma, o câncer do SNC em homens é o oitavo mais frequente na região Centro-Oeste (6/100 mil). Nas regiões Sul (7/100 mil) e Nordeste (3/100 mil), ocupa a nona posição, enquanto, nas regiões Sudeste (6/100 mil) e Norte (2/100 mil), a décima posição. Para as mulheres, é o oitavo mais frequente nas regiões Sul (6/100 mil) e Centro-Oeste (4/100 mil). O décimo mais frequente na região Norte (2/100 mil) e, nas regiões Sudeste (5/100 mil) e Nordeste (3/100 mil), é o 11º (INCA, 2012). Para o ano de 2012, no país, estima-se a incidência de 4.820 casos de câncer do SNC em homens e 4.450 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco aproximado de 5 casos novos a cada 100 mil homens e 4 a cada 100 mil mulheres. E o Pará tem uma taxa estimada em 1,20 casos para cada 100 mil homens e 1,14 casos para cada 100 mil mulheres em relação a essas neoplasias malignas (INCA, 2012). Os tumores cerebrais normalmente ficam limitados ao próprio cérebro e raramente se espalham para outras partes do corpo. Aproximadamente 50% de todos os tumores cerebrais primários são originados de células neurais especializadas, as glias, e são denominados gliomas (NIETO-SAMPEDRO 2011). Os cânceres de pulmão, de mama e melanomas são os principais tumores primários fora do sistema nervoso que podem contribuir para o desenvolvimento de metástase cerebral. Este tipo de metástase frequentemente se manifesta em estágio avançado na progressão da doença metastática e causa rápida deterioração na qualidade de vida do paciente, inclusive prejuízo neurocognitivo (ZHANG e YU, 2011). A distribuição e o tipo histológico de tumores cerebrais diferem em crianças e adultos. Em crianças, os tumores cerebrais mais frequentes surgem a partir da fossa posterior do crânio, onde os tipos histológicos mais comuns são meduloblastomas, espongioblastomas (incluindo astrocitoma cerebelar e glioma do nervo óptico) e ependimomas. Já nos adultos, os tumores cerebrais mais comuns são meningiomas e gliomas (HODGENS, 2007).