ADAPTAÇÃO VISUAL FOTÓPICA DE SISTEMAS RECEPTORAIS E PÓS-RECEPTORAIS RETINIANOS: UM ESTUDO ELETRORRETINOGRÁFICO
adaptação à luz, eletrorretinograma de campo total, tripla substituição silenciosa, cone L, cone M, via magnocelular, via parvocelular.
O sistema visual apresenta uma função essencial denominada adaptação à luz, que consiste na regulação da sensibilidade à luz permitindo adaptação visual a ampla faixa de níveis de iluminação. No presente estudo, 6 sujeitos saudáveis (2 homens e 4 mulheres, entre 26 e 35 anos) foram submetidos a 30 minutos de adaptação ao escuro e em seguida a um campo constante de adaptação à luz por 16 min. Os estímulos foram dados a cada 2 min e registrada a resposta elétrica da retina por eletrorretinograma de campo total (ffERG) ao longo dos 16 min. Foi utilizada a técnica de tripla substituição silenciosa para isolamento das respostas das vias originadas nos diferentes tipos de fotorreceptores (L ou M) além de estímulos específicos da via de luminância (Lum) e da via de cor vermelho-verde (Crom), cada um estimulado com frequências temporais intermediária (12 Hz, que reflete a atividade da via parvocelular vermelho-verde) e alta (36 Hz, que reflete a atividade da via magnocelular) resultando em 8 condições de estimulação. Observou-se que na maioria das condições de estimulação as respostas aumentaram ao longo do tempo de adaptação à luz com formas de onda sinusoidais simples. Os aumentos relativos de amplitude do componente fundamental (F) do ffERG nas respostas de cone M durante a adaptação à luz foram mais de 3 vezes maiores do que os das respostas de cone L em ambas frequências temporais, 12 (M= 1,21; L= 0,33) e 36 Hz (M= 1,94; L= 0,55). A variação de amplitude foi maior em 36 Hz que em 12 Hz tanto para cone L como para cone M. As amplitudes para estímulos de Lum à 36 Hz (0,65) e Crom à 12 Hz (0,76) apresentaram aumentos semelhantes. Já as respostas para estímulo Crom à 36 Hz não apresentaram variação linear e para estímulo de Lum à 12 Hz houve diminuição de amplitude ao decorrer da adaptação à luz (-0,34). Quanto à fase relativa do componente F, em geral, houve leve aumento durante o tempo de adaptação à luz (< 30 graus) sem diferenças relevantes quando comparadas as duas frequências de estimulação ou os dois tipos de cones. A resposta para estímulo de Lum à 12 Hz não apresentou variação linear de fase. Quanto à cinética de adaptação à luz, as respostas que parecem refletir a atividade do canal cromático vermelho-verde apresentaram adaptação mais rápida (Cone L 12 Hz, Cone M 12 Hz, Crom 12 Hz, com média de 1,3 min) e aquelas que provavelmente refletem atividade do canal de luminância apresentaram adaptação mais lenta (Lum 36 H, Cone L 36 Hz, Cone M 36 Hz, com média de 4,9 min).