INFLUÊNCIA DO EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE O DESEMPENHO EM TESTES DE MEMÓRIA E APRENDIZADO EM JOVENS ADULTOS
Exercício Físico, Avaliação Neuropsicológica, CANTAB
O Brasil é um país em desenvolvimento em período de transição demográfica com aumento expressivo da população acima de 65 anos, o que requer mudanças nas políticas públicas destinadas à saúde. O início precoce de cuidados específicos com a população adulta e jovem visando um envelhecimento com preservação dos níveis de atividade física e das atividades de vida diária, pode representar redução futura de gastos públicos e menor incidência de doenças associadas ao envelhecimento, como as demências. Para prover subsídios para políticas de saúde baseadas em evidências, o presente trabalho investigou os efeitos do exercício físico regular no desempenho em testes neuropsicológicos automatizados selecionados para mensuração de funções de aprendizado, memória visuo-espacial e linguagem e em testes de aptidão física. Foram avaliados 85 adultos jovens saudáveis, sedentários (n=43; 26,60 ± 0,82 anos de idade; 12,31 ± 0,59 anos de escolaridade) ou exercitados (n=42; 24,95 ± 0,72 anos de idade; 12,72 ± 0,51 anos de escolaridade). Todos os indivíduos foram submetidos à anamnese; testes neuropsicológicos para avaliação cognitiva global empregando o mini exame do estado mental, lista de palavras da Bateria CERAD, testes de linguagem incluindo fluência verbal semântica e fonológica e testes neuropsicológicos automatizados – Bateria CANTAB; avaliação da aptidão física incluindo avaliação indireta do condicionamento cardiorrespiratório, resistência de membros inferiores, avaliação do equilíbrio e da agilidade, além de índices perimétricos e antropométricos. Para análise estatística dos dados utilizou-se o programa BioEstat® versão 5.0, sendo aplicado o teste paramétrico t de Student para comparação entre os grupos ou o não paramétrico de Mann-Whitney em caso de amostras com variâncias desiguais. O nível de significância foi fixado em valores de p ≤0,05. Os grupos foram pareados por idade e escolaridade e apresentavam sujeitos de ambos os sexos. Os resultados apontaram diferenças significativas entre os grupos exercitado e sedentário nos testes de linguagem incluindo fluência verbal semântica e fonológica; nos testes de aptidão física incluindo frequência cardíaca de repouso, condicionamento cardiorrespiratório, resistência de membros inferiores e avaliação do equilíbrio e agilidade, em testes neuropsicológicos da Bateria CANTAB incluindo tempo de processamento da informação visual, aprendizagem pareada e memória espacial de trabalho, nos escores da lista de palavras da bateria CERAD e suas subcategorias. Não houve diferença significativa, entretanto nos escores obtidos no MEEM e suas subcategorias. A análise de conglomerados (método de Ward) seguida da análise discriminante mostrou que os escores obtidos no teste de resistência de membros inferiores e de memória espacial de trabalho foram os testes que mais contribuíram para formação de clusters. Nossos resultados indicam que os indivíduos sedentários têm pior condicionamento cardiorrespiratório e físico e pior desempenho em testes neuropsicológicos automatizados do que os indivíduos exercitados sugerindo que um estilo de vida sedentário parece prejudicar as funções cognitivas associadas aos lobos pré-frontal e temporal medial.