RNA não codificantes; Câncer de Pulmão; Microbiota
O Câncer de Pulmão (CP) foi o mais comum em todo o mundo, com 2,5 milhões de novos casos, representando 12,4% de todos os novos casos. O ressurgimento do CP como o tipo de maior frequência provavelmente está relacionado à persistência do uso de tabaco, frequentemente associado à idade (atualmente, risco maior entre 50 e 74 anos), em razão do tempo de exposição e carga tabágica. No Brasil, o CP é o terceiro tipo de câncer de maior incidência em homens (18.020 casos novos) e o quarto em mulheres (14.540 novos casos), é também o tipo de câncer com maior mortalidade para o sexo masculino. Alterações genéticas e epigenéticas influenciam na iniciação e no desenvolvimento do tumor pulmonar, incluindo mutações, instabilidade cromossômica, expressão anormal de RNAs não codificantes (ncRNAs) e evidências sugerem que disbioses na microbiota modulam a suscetibilidade a neoplasias malignas através da liberação de metabólitos bacterianos promotores de câncer e indutores de vias inflamatórias do hospedeiro regulando a expressão de mediadores e citocinas. Com o desenvolvimento das tecnologias multiômicas, hoje sabe-se que a microbiota pulmonar é única e transitória. Os mecanismos microbianos na etiopatogenia do câncer são múltiplos, dentre eles foi identificado uma interação contínua e bidirecional entre o microbioma e a expressão de ncRNAs. Em estudos recentes baseados em ômicas, os ncRNAs, mostraram-se como moduladores de doenças, como o CP, em resposta à microbiota e sua disbiose. Nesse contexto, especificamente os RNAs longos não codificantes (lncRNAs) oferecem vantagens sobre as proteínas em algumas formas de regulação epigenética. Ainda há poucos estudos que investiguem as relações bidirecionais existentes entre a microbiota e os lncRNAs no CP, porém é possível que haja diferenças nas comunidades bacterianas entre indivíduos saudáveis e pacientes com câncer e a carga bacteriana pulmonar desempenha um papel chave na carcinogênese e na resposta imune contra células cancerosas, influenciando na sensibilidade à quimioterapia e imunoterapia. Para isso, este estudo visa analisar os transcritos de amostras de tecido pulmonar não tumoral adjacente e tumoral para caracterizar a interação entre os RNA não codificantes longos e a microbiota pulmonar através da metatranscriptômica.