EFEITO DO CORTE DE MADEIRA SOBRE AS COMUNIDADES DE NINFAS DE EPHEMEROPTERA (INSECTA) EM IGARAPÉS DA AMAZÔNIA ORIENTAL
Ephemeroptera; ecologia; conservação; exploração madereira.
A Amazônia Oriental brasileira está inserida em uma região conhecida como “Arco do Desmatamento” que sofre alterações decorrentes da exploração madeireira convencional. Um dos problemas decorrentes dessa atividade é a remoção da vegetação ripária, que afeta diretamente os ecossistemas aquáticos. Desta forma, o manejo de impacto reduzido pode minimizar os efeitos da extração de madeira possibilitando a recuperação de áreas degradadas e a conservação de espécies nesses ambientes. Com o objetivo de analisar os efeitos do corte convencional sobre as comunidades de Ephemeroptera e se o corte manejado é eficaz para manter a qualidade do ambiente, investigamos os efeitos dessas alterações sobre a estrutura física e físico-química de igarapés da Amazônia Oriental, além de avaliar se atributos das comunidades de efemerópteros, como riqueza, abundância e diversidade funcional, podem ser influenciados por mudanças provenientes desse tipo de atividade de extração. Para tal, foram amostrados 50 igarapés (13 de referência, 26 manejados e 11 convencionais) localizados no Rio Capim (Paragominas-PA). Os espécimes foram amostrados utilizando um rapiché, e os dados de estrutura física e físico-químicos foram mensurados através de uma sonda multiparâmetros Horiba e de um protocolo de integridade física. A exploração de madeira afetou principalmente a condutividade e o dossel do canal do ambiente, causando declínio na diversidade, uma vez que espécies especialistas foram substituídas por generalistas, corroborando com a teoria que ambientes degradados são mais homogêneos, e beneficiam espécies com maior amplitude de nicho e tolerantes às alterações. A composição dos igarapés convencionais diferiu da composição dos igarapés manejados e referentes, que por sua vez são similares. Houve maior compartilhamento de espécies entre manejo e referência, que por sua vez apresentam maior diversidade taxonômica, com espécies exclusivas de gêneros diferentes, já o convencional foi mais limitado a espécies de Brasilocaenis. Os índices funcionais não foram diferentes entre as áreas amostradas, no entanto foram observadas relações entre os traços funcionais medidos e as áreas de corte convencional. Portanto, o manejo é uma boa estratégia para exploração madeireira, que não afeta significativamente a floresta e a biodiversidade aquática, haja visto, que manteve as condições ambientais similares aos igarapés referências.