A interação ecológica entre os quelônios aquáticos e os ecossistemas inundáveis amazônicos
Isótopos estáveis; Podocnemis expansa; Podocnemis unifilis; alometria
A variação ambiental tende a selecionar características que aumentem a adaptabilidade dos organismos a um determinado meio. Nesse sentido, o tamanho é um traço morfológico que reflete vários aspectos da história de vida dos animais. O tamanho corporal tende a variar geograficamente em função da temperatura e interações bióticas como predação, mas também é influenciado pela produtividade e disponibilidade de recursos. O crescimento dos indivíduos corresponde ao aumento do tamanho e do peso, que varia mais amplamente. A relação peso-comprimento determina em que proporção o tamanho e o peso aumentam, sendo indicativo da condição corporal dos indivíduos. O tamanho corporal também influencia o investimento reprodutivo. Dependendo das características do ambiente, o investimento em número ou tamanho da prole pode variar. Entender a variação desses aspectos entre ambientes e estações pode ajudar a prever impactos não somente individuais, mas a nível de cadeia trófica e interações ecológicas que dependem desses fatores a nível populacional. O tamanho corporal também varia de acordo com a dieta e o nicho ecológico dos organismos. O nicho ecológico consiste na definição do papel funcional e da coexistência com outras espécies a partir das limitações ambientais. As características do ambiente irão influenciar diretamente o nicho ecológico, visto que limita as estratégias alimentares e o posicionamento trófico. Sendo assim, há variações populacionais no nicho trófico considerando a mesma espécie. Para gerar resultados mais refinados e precisos sobre os hábitos alimentares, a análise de isótopos estáveis identifica estima a posição trófica pelo isótopo de nitrogênio e identifica as principais fontes autotróficas consumidas a partir do isótopo de carbono. O objetivo deste trabalho consiste em avaliar a variação regional na relação peso comprimento, investimento reprodutivo e no nicho trófico das espécies do gênero Podocnemis entre três áreas alagáveis da bacia amazônica. Os dados de morfometria dos indivíduos e de ovos serão adquiridos através de banco de dados de grupos de pesquisa parceiros e organizações não-governamentais que trabalham na região amazônica. Para a análise de nicho trófico, será realizada uma coleta de campo em planícies alagáveis de água branca, água clara e estuarinas. O conteúdo estomacal será coletado por lavagem, depois triados e identificados ao menor nível taxonômico possível. Para a análise de isótopos, sangue será coletado e enviado a Universidade da Califórnia para análise em espectrofotômetro de massa. Em conjunto, a análise destes parâmetros permitirá identificar variações populacionais que são importantes para elaboração e análise de estratégias de conservação e manejo dos quelônios amazônicos.