Ecologia trófica de crocodilianos no baixo rio Xingu: estudo integrado entre etnoconhecimento e isótopos estáveis para criação de estratégias de manejo
Caiman; Melanosuchus; teias alimentares; jacarés.
Entender teias alimentares é essencial para a proposição de estratégias de manejo mais eficazes, uma vez que através delas pode-se entender a função e serviços ecossistêmicos de cada espécie, assim como a ciclagem de nutrientes e o fluxo de energia. Tais teias podem ser estudadas através análises de isótopos estáveis do carbono (δ13C) e do nitrogênio (δ15N) e do conhecimento tradicional. O isótopo do carbono proporciona estimativas de assimilação das fontes de energia e, possibilitando assim, conhecer quais os principais recursos alimentares sustentam essa teia alimentar. Já o isótopo do nitrogênio determina a variação vertical do posicionamento trófico dos organismos dentro de uma determinada teia alimentar. Outra forma para se estudar a ecologia trófica é através do conhecimento das populações tradicionais ribeirinhas da Amazônia, visto que essas comunidades possuem uma grande relação com os corpos hídricos e sua fauna, fruto de longa e estreita relação com a fauna e da interação da mesma com os ecossistemas aquáticos. O estudo aqui proposto é de importância para a região do baixo Xingu e para ambientes tropicais alvos de grandes modificações ambientais, como a Usina de Belo Monte, pois gerará informações cruciais sobre a teia alimentar dos crocodilianos, auxiliado na criação propostas de planos de manejo mais eficazes para a conservação da biodiversidade local, servindo também como modelo para demais regiões com problemas semelhantes. Dessa forma, o presente projeto tem como objetivo estimar a estrutura trófica e principais recursos alimentares dos crocodilianos com base no estudo integrado entre análises isotópicas (utilizando método não letal) e o conhecimento tradicional das comunidades humanas. Essa análise integrada visa identificar espécies-chave para a manutenção das teias alimentares dos crocodilianos localmente. Para tanto, serão realizadas análises isotópicas de garras, escamas e músculo de crocodilianos, produtores primários e potenciais fontes alimentares, tais como peixes, invertebrados e mamíferos. Além disso, entrevistas semiestruturadas serão conduzidas com as comunidades tradicionais da região para avaliar o conhecimento tradicional sobre as teias alimentares dos crocodilianos.