Interações tróficas nas corredeiras do baixo rio Xingu, Amazônia, Brasil
isótopos estáveis, teias alimentares, fontes primárias, ambiente lótico.
Tendo em vista que o comportamento alimentar é relacionado à disponibilidade de fontes primárias, pode-se mensurar a contribuição das fontes a partir da composição dos tecidos dos seus consumidores. Desse modo, a análise de isótopos estáveis surge como uma ferramenta eficaz para inferir resultados acurados no diagnóstico de padrões tróficos dos organismos. Em especial, os isótopos do carbono (ẟ13C) e nitrogênio (ẟ15N) têm ajudado a elucidar as relações tróficas para diversos grupos taxonômicos, e contribuir na avaliação dos impactos ambientais de empreendimentos, como por exemplo, a construção de usinas hidrelétricas (UHE), responsáveis das principais alterações na estrutura trófica das comunidades aquáticas. O presente estudo determinou a estrutura trófica dos organismos das corredeiras da Volta Grande do rio Xingu na fase anterior à operação da UHE Belo Monte concluída no ano de 2016. Com base em coletas realizadas no ano de 2012, consumidores de diferentes grupos taxonômicos e três principais fontes primárias, classificadas em plantas C3, plantas C4 e microfitobentos, fizeram parte das análises. As coletas foram realizadas durante o período hidrológico de seca em julho de 2012, em ambientes encachoeirados na região conhecida como Volta Grande do rio Xingu. As amostras de tecido muscular dos peixes e fontes foram devidamente secas em estufa à 60 ºC, maceradas, posteriormente pesadas e compactadas em cápsulas de estanho e analisadas quanto aos isótopos estáveis do carbono e nitrogênio, onde os valores de contribuição das potenciais fontes, foram determinadas por intermédio de um modelo de mistura Bayesiano na plataforma R com o pacote mixSIAR. Os resultados contribuíram na identificação das interações entre recursos tróficos e os consumidores no ambiente ainda inalterado pelo empreendimento hidrelétrico, servindo portanto como um estudo referência do fluxo de energia e estrutura trófica nas corredeiras do rio Xingu. Além disso, o estudo demonstrou como as fontes autotróficas sustentam o aporte energético para a cadeia trófica e, portanto, são essenciais na tomada de decisões ao traçar estratégias para a conservação dos ecossistemas encachoeirados.