DIVERSIFICAÇÃO TRÓFICA E MORFOLÓGICA DE PEIXES EM DIFERENTES SISTEMAS ESTUARINOS DO NORTE DO BRASIL
Estuário, isótopos estáveis, conteúdo estomacal, morfologia sagitta, Amazônia.
Os estuários, dentre os habitats costeiros, sustentam a maioria dos bens e serviços ecológicos para a sobrevivência de uma grande diversidade de espécies, em especial os peixes. No entanto, mesmo com o elevado crescimento no conhecimento tanto nos aspectos biológicos como ecológicos, muito ainda, precisa ser levado em consideração tratando-se de ecossistemas tão complexos. A presente tese objetivou determinar o papel estrutural e funcional de diferentes sistemas estuarinos para espécies de peixes comumente encontradas nos mesmos, a partir da utilização de abordagens multiespecíficas. Amostragens foram realizadas entre 2015 e 2017, durante a maré baixa em zonas de entremarés, utilizando metodologias ativas e passivas, a fim de obtermos representatividade em termos de riqueza das espécies, assim como das fontes autotróficas e principais presas. Um total de 33 espécies (20 famílias) foram analisadas neste estudo, dispostas de acordo com suas guildas tróficas como: bentófagos, bento-ictiófagos, herbívoras, zooplanctívoras e onívoras. A variabilidade e a utilização dos recursos alimentares foram avaliadas no capítulo 2, onde o efeito dos três sistemas estuarinos (Baía do Marajó, Caeté e Delta do Parnaíba). As associações entre os caracteres morfológicos e alimentares foram avaliados através da CCA, onde a ordenação demostrou quais traços são os mais representativos para a captura de determinado item (74,1% da explicação total). Ainda, a análise das métricas isotópicas demostraram que as amplitudes de nicho foram muito mais amplas à Baia do Marajó em relação aos outros estuários. O efeito temporal foi analisado entre a ictiofauna de dois estuários de macro-marés do norte do Brasil (Marajó e Caeté; capítulo 3), onde não foi verificado diferenças na composição da dieta das espécies entre os estuários ou estações (p > 0,05), no entanto as diferentes variações da composição isotópica das espécies de peixes foi muito mais amplo em δ13C para Marajó, já em δ15N o estuário do rio Caeté foi mais pronunciado, indicando o papel das diferentes fontes autotróficas entre os estuários. Estudo envolvendo presa-predador através da utilização de estruturas rígidas (e.g., otólitos), ainda é incipiente nos estuários tropicais. Desta forma, o capítulo 4 relacionou medidas de peixes e seus otólitos, a fim de gerar modelos robustos para estimar o comprimento e a massa de peixes encontrados em analises de conteúdos estomacais de ictiófagos. O coeficiente de determinação (r2) das relações biométricas variou entre 0,71 e 0,99. Os resultados desta tese destacam o papel complexo que distintos estuários exercem sobre os diferentes níveis tróficos ocupados por peixes comumente encontrados nos estuários do Norte do Brasil. Ainda agregam informações sobre o conhecimento de diferentes abordagens tróficas para quaisquer comparações de sistemas estuarinos e, principalmente subsidiando informações relevantes para tomadas de planos de manejo.