Partição de nicho entre os mustelídeos Pteronura brasiliensis e Lontra longicaudis no rio Xingu, bacia Amazônica
Ecologia trófica, teia alimentar, disponibilidade de recursos, sazonalidade.
A região amazônica é um dos ecossistemas mais íntegros e produtivos do planeta, disponibilizando aproximadamente 20% de água doce da oferta global. No entanto, seu sistema fluvial tem sofrido alterações ambientais ocasionando a modificação e perda de habitats naturais, consequentemente afetando as interações ecológicas da biodiversidade. O presente estudo pretende estudar a dieta de dois mustelídeos Lontra longicaudis e Pteronura brasiliensis no baixo rio Xingu. Supondo que mustelídeos coocorrem no mesmo ambiente mediante particionamento de nicho trófico, o objetivo do estudo é verificar a amplitude de nicho entre as espécies, comparando com a disponibilidade de presas (i.e., abundância da ictiofauna) presente no rio. Amostras fecais das duas espécies L. longicaudis e P. brasiliensis foram coletadas no períodos de seca (ago/2012) e cheia (fev/2013), totalizando 216 amostras. Em laboratório as amostras foram secas, lavadas, triadas e identificadas utilizando literatura específica e/ou comparando com materiais presentes na coleção de peixes do Grupo de Ecologia Aquática (GEA), Universidade Federal do Pará (UFPA). Para análises da diversidade e abundância de peixes (i.e., principais presas), foi amostrada simultâneamente a ictiofauna nas mesmas áreas utilizando conjunto de redes de emalhar (20 m x 2 m e com malha de 2 a 18 cm entre nós opostos). Resultados preliminares indicaram que as dietas dos mustelídeos são compostas primariamente por peixes, sendo as espécies da família Anostomidae os mais consumidos por ambos os mustelídeos, sendo que ambos apresentam amplitudes de nicho maiores durante o período de cheia. Análises utilizando o índice de Pianka e o software EcosimR, responderão o nível de sobreposição de nicho entre os mustelídeos. Tendo em vista que a disponibilidade de recursos é um fator importante para conservação das espécies, será possível observar se a preferência alimentar da L. longicaudis e P. brasiliensis condiz com a abundância de peixes ofertados pelo rio no período amostrado.