Variação espaço-temporal de Cladocera (Crustacea-Branchiopoda) em uma região portuária amazônica (Brasil)
Zooplâncton. Indicador Ambiental. Risco Ambiental.
As regiões portuárias são importantes vias de acesso rápido para a economia mundial, principalmente para os segmentos industriais, os quais transportam suas mercadorias ao longo da costa brasileira. No entanto, essas regiões são expostas a riscos ambientais, devido à produção de resíduos tóxicos deixados pelas embarcações, podendo desencadear alterações na composição natural da biota aquática, como na comunidade planctônica. Dentre os componentes do plâncton, destacam-se os Cladocera, os quais são microcrustáceos zooplanctônicos, considerados excelentes indicadores da qualidade ambiental. Deste modo, o presente estudo objetivou determinar a composição e densidade de espécies de Cladocera da região portuária na cidade de Belém, na Baía do Guajará (Brasil). As coletas foram realizadas trimestralmente nos meses de março, junho, setembro e dezembro, nos anos de 2014 e 2015, durante as marés de enchente e vazante. As amostras foram obtidas através de arrastos horizontais, com rede de plâncton (120µm), em quatro pontos: P1: Forte do Castelo e P2: Ver-o-Rio (Terminal Portuário de Belém) e P3: Sotave e P4: Praia Grande (Outeiro). Em cada estação de coleta foram efetuadas mediações in situ dos fatores físico-químicos da água. Foram realizados cálculos de frequência de ocorrência, densidade total, índice de estado trófico, ANOVA one-way, análise de componentes principais e análise de espécie indicadora. Neste trabalho Cladocera foi representado principalmente pela ordem Anomopoda com as famílias Bosminidade, Moinidae, Daphiniidae, Chydonidae, Ilyocryptidae e Macrothricidae; e pela ordem Ctenopoda com a família Sididae. Além do registro de oito gêneros e 13 espécies. As espécies consideradas constantes (>50%), durante todo período de estudo, foram: Moina minuta (95%), Diaphanosoma birgei (86%), Bosminopsis deitersi (59%). A densidade total teve diferença entre os locais amostrados (H=16,57; p<0,05), onde P4 foi diferente de P1 e P2, e P2 diferiu de P3. Em 2014 a mediana dos locais amostrados classificou os pontos P1, P2, P3 e P4 como eutróficos. E em 2015, os pontos P1, P2 e P3 como supereutróficos, e eutrófico o ponto P4. A análise de componentes principais em seus dois eixos explicaram 46,8% dos dados físico-químicos. Para ambos anos, amostras de dezembro apresentaram maiores valores de vento, pH, condutividade, STD, salinidade e sulfato, e as amostras de março apresentam maiores valores de pluviosidade, turbidez e DQO. A espécie Bosminopsis deitersi (34%) foi considerada indicadora do P3. Os possíveis processos de contaminações e alterações ambientais da região portuária provocam modificações nos padrões de variação de algumas espécies de Cladocera.