Influência da macrófita aninga (Montrichardia linifera) na composição da meiofauna e nematofauna em um estuário amazônico urbano.
Meiofauna, Nematoda, Amazônia, Estuário, Aninga.
Os estuários amazônicos são ambientes extremamente produtivos e complexos, e quando localizados próximos a centros urbanos se tornam vulneráveis e costumam apresentar alterações nas composições de fauna e flora. A comunidade bentônica tem papéis muito importantes no processamento de ambientes, um deles como consumidores de matéria particulada morta. A meiofauna é um dos grupos mais abundantes do mundo e estão presentes em todos os ecossistemas atuando nos mais diversos papéis, desde ciclagem de nutrientes a predadores e alimento para níveis tróficos superiores, contudo, apenas nas últimas décadas vem ganhando atenção e espaço na comunidade científica por suas estratégias de vida e características adaptativas onde vem protagonizando diversas abordagens, tais como indicadores de impactos climáticos e antropogênicos. O filo Nematoda é um representante bastante versátil da meiofauna, pois ocupa lugar em toda a guilda trófica, além de representar mais de 90% da abundância total desse grupo em ecossistemas de várzea. A macrófita Aninga (M. linifera) é uma espécie pioneira comumente encontrada em ecossistemas inundados da Amazônia com grande importância na proteção de recursos e manutenção de aporte de sedimentos, preservando o ecossistema aquático. Este estudo apresenta a primeira avaliação de composição de meiofauna associada a vegetação de várzea, com objetivo de descrever padrões espaço-temporais da comunidade de meiofauna e nematofauna associadas à aninga no estuário do Guajará, dentro da Universidade Federal do Pará. Para isso, estão sendo realizadas coletas mensais em ambientes com presença e ausência da vegetação no período de 12 meses para acompanhamento e comparação de taxa populacional e densidade da vegetação. Durante as coletas, é utilizado amostrador cilíndrico com 3cm de diâmetro e 10cm e comprimento para amostras de fauna, posteriormente fixadas a formaldeído a 4%, e matéria orgânica, posteriormente resfriadas em freezer. Além disso, também são coletadas amostras de solo para análise de granulometria e averiguada a temperatura do solo. Dados climatológicos são obtidos do Instituto de Meteorologia (INMET). Em laboratório, a meiofauna será extraída do sedimento pela técnica de flotação por sílica coloidal, contada e identificada a nível de grandes grupos. Para cada amostra, será calculada a densidade e riqueza da meiofauna e seus principais grupos, bem como a densidade dos diversos gêneros de Nematoda e riqueza de indivíduos. Para comparação entre variáveis bióticas de estrutura da comunidade de meiofauna e nematofauna entre meses e áreas de coleta (vegetada e não vegetada) serão realizadas análises univariadas (ANOVA 2-fatores), bem como para características de sedimento e vegetação. Para comparação da estrutura da comunidade nos diferentes tratamentos serão realizadas análises multivariadas (PERMANOVA) e para identificação de padrões de distribuição serão utilizadas análises de ordenação (CLUSTER, PCoA, CAP). Após 6 meses de acompanhamento, nota-se crescimento considerável da vegetação bem como transição do período seco para chuvoso, o que pode indicar o início de uma diferença na composição de meiofauna e nematofauna entre os ambientes trabalhados.