ECOLOGIA ALIMENTAR DO MANDUBÉ AGENEIOSUS UCAYALENSIS (SILURIFORMES: AUCHENIPTERIDAE) NO TRECHO DE VAZÃO REDUZIDA DO RIO XINGU, AMAZÔNIA ORIENTAL, BRASIL
Composição da dieta; Intensidade alimentar; Nicho trófico; Pulso de inundação.
A bacia amazônica é marcada por mudanças sazonais em seu regime hidrológico, dentre elas a variação no nível dos rios, conhecida como pulso de inundação e que é considerado o principal responsável pela formação das planícies de inundação. Quaisquer alterações nos fluxos aquáticos podem gerar impactos diretos nos pulsos e consequentemente nas diversas espécies aquáticas que dependem da formação desses ambientes para se alimentar e reproduzir. Entretanto, alguns fatores podem ocasionar alterações na sazonalidade de ocorrência dos pulsos de inundação, como a construção de usinas hidrelétricas. Portanto, o objetivo deste estudo é avaliar a variação temporal da ecologia trófica do bagre Ageneiosus ucayalensis, em um Trecho de Vazão Reduzida (TVR) do rio Xingu, proveniente da implementação da UHE Belo Monte, Amazônia Oriental. Os espécimes foram amostrados mensalmente no TVR, entre dezembro de 2020 e novembro de 2021. A área de estudo foi dividida em 16 zonas e em cada zona, foram dispostas três baterias, sendo cama uma delas composta por 11 redes retangulares de 20m de comprimento e 1m de altura, confeccionadas com linha de nylon monofilamento e malhas de 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 12, 16 e 18 cm entrenós opostos. Os indivíduos coletados, foram devidamente identificados, medidos, pesados e eviscerados ainda em campo, onde tiveram seus estômagos pesados e armazenados em solução de álcool a 70%. Em laboratório, os estômagos foram abertos e os itens alimentares triados, identificados ao menor nível taxonômico possível. A ecologia alimentar da espécie foi avaliada através da composição da dieta, através do Índice de Importância Alimentar (IAi%), intensidade alimentar, através do Índice de repleção (IR%) e amplitude de nicho trófico. Um total de 850 estômagos foram analisados, nos quais 192 vazios e 658 com itens. Foram encontrados 68 itens alimentares, agrupados nas categorias: peixe, inseto aquático, crustáceos, algas, insetos terrestres e plantas terrestres. Foi registrando um predomínio no consumo de insetos aquáticos, seguidos por peixes. A composição na dieta de A. ucayalensis diferiu entre os períodos de cheia e vazante, (F=5.425 e P<0.05). A amplitude de nicho diferiu entre os períodos hidrológicos (F=0.8772 e P>0.0). A intensidade alimentar também não diferiu entre os períodos (F=2.041 e P>0.05).