MICROZOOPLÂNCTON COMO INDICADOR DE ALTERAÇÕES AMBIENTAIS EM UM PÓLO INDUSTRIAL E PORTUÁRIO NA REGIÃO AMAZÔNICA
Zooplâncton, Complexo Industrial e Portuário, Bioindicadores.
RESUMO:
Na região amazônica, norte do Brasil, os estuários são formados pelos rios Amazonas, situado na porção norte, e Tocantins, ao sul. Esses corpos d’água constituem juntos a maior bacia hidrográfica mundial. Na região central da Zona Costeira Amazônica, está localizado o estuário do rio Pará. Em decorrência da elevada descarga dos seus afluentes (rio Tocantins, Guamá e Acará-Moju) possui águas turvas e doces, com uma zona de mistura, e elevada produção primaria, devido à elevada disponibilidade nutrientes advindos dos rios e pela transparência das águas oceânicas, que permitem a penetração de luz necessária para a intensa fotossíntese das algas. A ação antrópica inadequada vem resultando na poluição dos ambientes aquáticos e entre os organismos afetados, pode-se destacar o zooplâncton, os quais são extremamente diversificados morfologicamente, com curto ciclo de vida e alteram suas taxas reprodutivas de acordo com a disponibilidade de alimento, considerados excelentes indicadores da qualidade da água, portanto, este estudo objetiva determinar a estrutura da comunidade zooplanctônica e correlacionar as variáveis ambientais com a composição e densidade desses organismos em diferentes drenagens localizadas em um estuário com influência de um complexo industrial e portuária na região Amazônica. As coletas foram realizadas na região de Barcarena (Pará-Brasil), nos rios Pará, Murucupi e Arapiranga, num trecho que compreende uma área industrial e portuária, trimestralmente no ano de 2012. A comunidade zooplanctônica do rio Pará foi composta por 64 espécies. De acordo com a freqüência de ocorrência nas amostras totais, a taxa encontrada foram classificados como muito frequente (18%), frequente (25%) pouco frequente (35%) e esporádicos (22%). Taxa classificada como muito frequentes foram: Brachionus mirus, Filinia terminalis, Calanoida sp1, Filinia terminalis, Copepodito de Calanoida, Cyclopoida sp1, Copepodito Cyclopoida, Keratella americana, Keratella cochlearis, Nauplio de crustáceos. As maiores densidades foram nos meses de fevereiro (962.400 org / m3) e novembro (889.000 org / m3), ambos no período mais chuvoso. Em todos os meses, as maiores densidades foram registradas no P3, situado à frente ao complexo industrial e portuário. Essa intensificação na produção primária no ponto P3 evidenciou a existência de fatores oriundos dessas atividades que influenciam na densidade e composição destas comunidades. As densidades referentes aos meses de maior precipitação apresentaram boa correlação com o N-NO3- (r: 0.75; p: 0.01), que é facilmente carreado pela água da chuva no processo de lixiviação, e favorecem o crescimento da biomassa fitoplanctônica e do zooplâncton. Em relação ao ponto em frente ao porto (P3), este foi correlacionado com fosfato e nitrato, nutrientes importantes no crescimento do zooplâncton, uma vez que este também favorece a intensificação da produção primária, e sua entrada pode ser favorecida pela atividade portuária e industrial. O teste IndVal mostrou que a espécie Filinia opoliensis (IndVal=0.86, p=0.02) tem elevada fidelidade e especificidade ao ponto a frente do complexo industrial, tornando-se possível bioindicadora da qualidade ambiental. Pouco se conhece a respeito da fisiologia desta espécie, porém alguns trabalhos destacam o fácil desenvolvimento e adaptação desta aos ambientes eutrofizados.