CARACTERIZAÇÃO DA PESCA ARTESANAL E DA CADEIA PRODUTIVA DA PESCA NO PRINCIPAL PORTO DA RESEX- MAR MOCAPAJUBA, SÃO CAETANO DE ODIVELAS, PARÁ: pensando a (in)sustentabilidade da pesca em uma comunidade do estuário amazônico
Reserva Extrativista. Pesca artesanal. Amazônia
O estuário amazônico tem sido ocupado há várias gerações, sendo a pesca a principal atividade econômica da população que nele reside. Na área do nordeste paraense historicamente São Caetano de Odivelas se destaca pela captura de caranguejo, mas também por suas águas piscosas, o que desenhou uma pesca artesanal forte para o município. Nas últimas décadas, as demandas do mercado intensificaram as pressões sobre os estoques pesqueiros de forma a alterar a organização das frotas e, particularmente, as relações de parceria que organizam as atividades da pesca artesanal no município. Por outro lado, a demanda do mercado forja novas e diferentes cadeias produtivas influenciadas pelo crescimento do mercado consumidor. A esse cenário agrega-se a instituição da RESEX-Mar Mocapajuba, cujo plano de manejo ainda não foi implementado. Este projeto tem por objetivo (re)conhecer a pesca artesanal e a cadeia da pesca no interior do Município de São Caetano de Odivelas, particularmente em suas possibilidades de (in)sustentabilidade, usando como lócus principal de pesquisa a comunidade de Cachoeira, onde localiza-se o principal porto de desembarque do município. A metodologia aplicada baseou-se em uma abordagem quali-quantitativa, utilizando pesquisa bibliográfica, aplicação de questionários e realização de entrevistas semiestruturadas junto aos pescadores que aportam em Cachoeira. A técnica de pesquisa utilizou critérios etários e de marcadores econômicos e sociais, assim como de características das embarcações. Os resultados mostram existência de diversas funções no interior das embarcações, assim como variadas formas de divisão da produção e papéis sociais que definem desde o planejamento da viagem até a chegada do pescado ao consumidor final. As pescarias podem durar entre 10 e 30 dias, navegando próximo ao Município ou ao extremo norte, em direção à Guiana Francesa. A sustentabilidade dessas pescarias encontra-se ameaçada devido a diversos fatores, entre eles a pressão do mercado, a falta de um ordenamento pesqueiro e o aumento de pescadores ao longo do tempo.