DIVERSIDADE DA MALACOFAUNA DO ENTREMARÉS E ECOLOGIA POPULACIONAL DE Leukoma pectorina (LAMARCK, 1818) (BIVALVIA: VENERIDAE) NUM ESTUÁRIO AMAZÔNICO, BRASIL
Bivalves; Gastrópodes; Fragmentos rochosos; Veneridae; Região tropical
O ambiente de entremarés no ecossistema amazônico apresenta diversos microhabitats para invertebrados bentônicos e suas diversas feições morfológicas contribuem de forma relevante na distribuição e na diversidade destes organismos. A dinâmica de comunidades de moluscos nesses ambientes apresenta acentuadas flutuações em termos de composição, riqueza e densidade em resposta às variações ambientais que influenciam na distribuição espacial e temporal. Com base nisso, o presente estudo vida avaliar as flutuações espaciais e temporais desses descritores da malacofauna do entremarés da região estuarina do rio do rio Marapanim, no nordeste do Pará. Conjuntamente, o estudo avaliará os aspectos da ecologia populacional (estrutura de tamanho, recrutamento, crescimento, e produção secundária) do bivalve Leukoma pectorina, uma das espécies mais abundantes da malacofauna da área e utilizada na alimentação das comunidades humanas locais. O estudo foi realizado em uma área de entremarés rochosa (fragmentos rochosos), com amostragens mensais num intervalo de 12 meses (abril/2012 a março/2013). Na área amostral foram estabelecidas duas faixas (zonas) de coleta paralelas a linha d´água, sendo uma superior (mais distante da linha de marébaixa) e outra inferior (mais próxima da linha d’água). Em cada mês, foram retiradas aleatoriamente de cada zona, seis amostras com uso de um delimitador quadrado (0,0625 m2) (6 amostras). Um total de 10464 espécimes de moluscos foram capturados, os quais foram classificados em 42 espécies, sendo 23 pertencentes a Gastropoda (18 famílias) e 19 espécies de Bivalvia (12 famílias). Ao longo do período, em ambos as zonas, dominaram bivalves endofaunais filtradores, contudo a participação de gastrópodes epifaunais (herbívoros e carnívoros) foi mais expressiva na zona inferior. Entre as espécies mais frequentes e abundantes, tiveram destaque: o bivalve L. pectorina (48,9% do total da malacofauna) e os gastrópodes Parvanachis obesa (11,4% do total), Anachis sp.1 (6,7 % do total) e Phrontis vibex (4,6% do total). A zona inferior, apresentou malacofauna mais densa e rica, em praticamente todos os meses. Além das variações quantitativas, modificações significativas na composição e estrutura da malacofauna foram observadas entre as zonas. Em relação as variações temporais, a riqueza de bivalves apresentou maiores médias em meses do período seco, com relação significativa e positiva com a salinidade. Para gastrópodes, não foram observadas variações sazonais significativas para riqueza e abundância, assim como respostas dessas variáveis à salinidade. Leukoma pectorina apresentou alta densidade média anual (521±44 ind.m-2) que resultou em alta biomassa média anual (35 ±0,14 g PSLC ind.m-2). O rápido crescimento, associado a altos valores de produção (110 g PSLC ind.m-2 ano-1) e da taxa de renovação (P/B = 3,13 ano-1) mostram a grande importância desse bivalve tanto no fluxo de energia do ambiente estudado, como do ponto de vista social, uma vez que essa espécie é utilizada como importante recurso biológico por comunidades costeiras do estado do Pará.