MUDANÇAS NAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS LOCAIS AFETAM OS GRUPOS FUNCIONAIS ALIMENTARES DE EPHEMEROPTERA, PLECOPTERA E TRICHOPTERA (INSECTA) EM IGARAPÉS AMAZÔNICOS
Zona ripária, desmatamento, mudanças na paisagem, insetos aquáticos, grupos tróficos.
A redução ou retirada da vegetação ripária na bacia de drenagem exerce forte influência nos ecossistemas aquáticos, modificando o habitat local e, consequentemente, as comunidades que compõem esses ecossistemas. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é avaliar os efeitos das mudanças na paisagem em regiões de pastagens sobre a distribuição de grupos funcionais alimentares das comunidades de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) de riachos da Amazônia Oriental. Onde testamos as hipóteses de que os organismos fragmentadores e coletores-apanhadores teriam maior relação com as mudanças ambientais causadas pelo desmatamento na zona ripária, uma vez que a alteração disponibilizaria/inviabilizaria diretamente os recursos alimentares para esses grupos. Para este estudo, foram amostrados 30 pequenos riachos amazônicos distribuídos na Bacia Hidrográfica do Médio Rio Capim no município de Paragominas, Pará, Brasil. Os riachos amostrados foram selecionados por compreenderem um gradiente com distúrbios antrópicos, especialmente pela fragmentação ou substituição das paisagens naturais por matrizes de diferentes usos da terra. Foram coligidos 4.744 espécimes de imaturos das comunidades das ordens EPT, representadas em 14 famílias, 39 gêneros e distribuídos em cinco grupos funcionais alimentares: fragmentador, coletor-apanhador, coletor-filtrador, raspador e predador. Os grupos funcionais alimentares (GFA) predador (r²=0.321; p=0.001), fragmentador (r²=0.179; p=0.021) e coletor-apanhador (r²=0.207; p=0.012) apresentaram maior relação com as mudanças ambientais causadas pelo desmatamento na zona ripária. Os modelos mais representativos segundo o critério de Akaike, foram para os grupos funcionais alimentares predador (ΔAIC =0) e fragmentador (ΔAIC =1.107). Esses resultados reforçam a importância da manutenção da vegetação nativa nas margens dos riachos. A remoção total ou parcial da vegetação nativa na zona ripária influência negativamente as funções de predação e fragmentação desempenhadas pelos insetos aquáticos.