Uso da terra e influência da paisagem de múltiplas escalas espaciais na assembleia de peixes de riachos da Amazônia Oriental
Uso da terra, escala espacial, vegetação ripária, conservação
Áreas de cabeceiras e zonas ripárias são partes sensíveis da bacia hidrográfica que vêm sofrendo com a alteração do uso da terra na Amazônia. Conhecer sobre os diferentes tipos de uso da terra e sua influência sobre esses ambientes contribuem para determinar melhores práticas mitigadoras e conservacionistas em bacias hidrográficas amazônicas. Sobre essas questões, dois capítulos foram abordados com o objetivo geral: Capítulo 1) Relatar sobre alguns dos mais danosos usos da terra para paisagem de riachos e 2) verificar os efeitos das variáveis ambientais sobre as assembleias de peixes de riachos, resultantes da heterogeneidade ambiental natural ou por mudanças no uso da terra em múltiplas escalas espaciais da bacia hidrográfica. Para alcançar tais objetivos, no Capítulo 1 foram levantadas informações de cinco tipos de uso do solo (exploração madeireira; agricultura de ciclo curto e longo; pecuária; e mineração) e seus impactos sobre ecossistemas de riachos, tais como: principais processos históricos das ocupações, regulamentações, incentivos, etapas do processo de desmatamento para instalação do uso, e principais alterações e influências sobre os riachos e a biodiversidade associada. Para Capítulo 2, foram amostrados dados naturais da bacia, antrópicos de múltiplas escalas espaciais (buffers de drenagem e microbacias) e assembleias de peixes de 76 riachos de quatro bacias hidrográficas da Amazônia Oriental. Para este capítulo nossos resultados destacam que: i) microbacias mais florestadas apresentaram riachos com mais microhábitats, características típica de riachos menos antropizado, influenciadas por aspectos naturais da bacia (ex: sinuosidade); ii) microbacias mais desmatadas, de solo com maior capacidade de degradação e de canais mais arenosos, foram associadas ao uso da terra de distintas escalas espaciais (ex: pasto em 30m de buffer e urbanização da área total da microbacia) que pode estar afetando a estrutura local e influenciado a biota associada. Sendo assim, é possível perceber que os aspectos de vida das espécies de peixes têm uma relação à estrutura local das microbacias, principalmente aquelas mais desmatadas. Portanto as questões abordadas foram importantes para destacar que as pressões antrópicas sobre áreas de cabeceiras e zonas ripárias estão influenciando aspectos naturais locais (estrutura de habitat dos riachos) e a biodiversidade associada, potencializados por aspectos naturais da bacia, como aqueles relacionado a maior sensibilidade do solo a degradação. Através desses resultados, como práticas de manejo e conservação nessas áreas, sugerimos a avaliação do impacto do uso não somente em áreas ripárias, mas na paisagem de riachos com um todo e considerando as particularidades naturais de cada bacia.