Pesca e etnoecologia da pescada amarela (Cynoscion acoupa ? Lacèpede 1801) na costa norte do Brasil
Conhecimento local, pesca, pescada amarela, medidas de manejo, costa norte
A pesca na costa norte do Brasil é amplamente direcionada às espécies de maior valor econômico, como a pescada amarela (Cynoscion acoupa ? Lecèpede, 1801). É uma espécie da família Sciaenidae que ocorre em águas tropicais e subtropicais da costa atlântica da América do sul e constitui como importante fonte de alimento, comércio, renda para grande parte da população local. Para preencher lacunas existentes sobre o conhecimento local dos atores atuantes na pesca da pescada amarela na costa norte, esse estudo tem como objetivo geral verificar se pescadores locais de diferentes categorias diferem quanto ao conhecimento e a percepção em relação à pesca e medidas de manejo pesqueiro da pescada amarela na costa norte do Brasil. Como objetivos específicos: a) Descrever a dinâmica da pesca da pescada amarela segundo o conhecimento ecológico local dos pescadores; b) Identificar a composição e frequência da fauna acompanhante (bycatch) na pesca da pescada amarela; c) Conhecer em que período do ano ocorre a desova da pescada amarela segundo conhecimento ecológico dos pescadores artesanais de diferentes municípios pesquisados; d) Conhecer a percepção dos pescadores de oito municípios da Costa Norte quanto ao meio mais adequado de manejo (proteção) para a pesca da pescada amarela; e) Identificar a percepção dos pescadores de oito municípios da Costa Norte quanto a implementação de um período de defeso como medida de proteção para a pesca da pescada amarela. O estudo foi realizado na Costa Norte do Brasil, especificamente na Mesoregião do Nordeste Paraense: microrregião do salgado (Colares, Curuçá, Marapanim, Salinópolis, São Caetano de Odivelas e Vigia de Nazaré). Microrregião Bragantina (Quatipurú, e Bragança). Neles encontram-se maior atividade pesqueira da pescada amarela, assim como a maior frota pesqueira da região em diferentes categorias. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas individuais utilizando questionários estruturados com 80 pescadores, 80 encarregados e 80 donos de embarcações, 10 indivíduos por categoria em cada município. Para acesso aos entrevistados foi utilizaçao do metodo bola de neve (snow ball), pelo qual as pessoas da comunidade e os próprios respondentes indicam outros potenciais candidatos para entrevista. A tese está divida em três capítulos sendo o primeiro integrador com introdução geral, objetivos e metodologia. O segundo capítulo aborda a Pesca da pescada amarela e medidas de manejo segundo o conhecimento e percepções de atores da atividade pesqueira da costa norte. O terceiro capítulo aborda as Variações temporais e espaciais dos desembarques pesqueiros da pescada amarela. No geral os resultados apontam que o inicio de desova e defeso foi coincidente para o mês de maio quanto ao numero de citações com 50% e 37% respectivamente, no entanto, para o final de desova e defeso os meses com maior frequência de citações foram junho e julho com 28% e 51% respectivamente. O final de desova e defeso coincidiram no mês de julho. Os desembarques pesqueiros na costa norte apontam para dissonância entre o quantitativo real e o publicado em fontes oficiais, quando observado quantidade de portos oficiais e não oficiais onde o pescado é desembarcado. Nos oito municípios alvo da pesquisa, durante o levantamento de campo, não se encontrou qualquer registro estatístico de desembarque por órgãos oficiais.