Avaliação do potencial de espécies amazônicas como organismos biomonitores da contaminação por biocidas organoestânicos
Butilestanho, neogastrópode, imposex, disruptor endócrino, aninga, bloqueador de elétrons, biomarcadores, portos de água doce.
Diferentes micropoluentes orgânicos como o tributilestanho (TBT) são utilizados como biocidas em sistemas anti-incrustantes em embarcações, contaminando o ambiente aquático. O presente projeto tem como objetivo avaliar o potencial de espécies nativas da região amazônica como organismos biomonitores deste tipo de contaminação. Para tanto, serão realizadas 2 abordagens distintas: (1) abordagem in situ utilizando o neogastrópode Thaisella coronata e a aninga Montrichardia linifera (Arruda) Schott (Araceae) como organismos biomonitores e (2) exposição experimental de ambos os organismos citados anteriormente à diferentes concentrações de TBT. Espécimes de T. coronata foram coletadas em seis áreas, sendo três regiões de praia (Praia de Marudá – P10, Praia de Algodoal – P13, e Praia de Salinas – P15) e três regiões de porto (Porto de Marudá – P11, Porto de Algodoal – P12, e Porto de Salinas – P14). Espécimes de aninga M. linifera serão coletadas em dois períodos sazonais (chuvoso e estiagem) em 8 áreas, sendo 4 áreas de porto não contaminados por TBT (Abaetetuba – P1, Ilha do Combú – P3, Salvaterra – P7 e Soure – P8) e quatro regiões portuárias contaminadas por TBT e seus produtos de degradação (Ver-o-Peso – P4, Cotijuba – P6, Vigia – P9, Bragança – P1). Experimentalmente T. coronata e M. linífera serão expostas em meio aquoso às concentrações de 10 ng/L, 100 ng/L e 1000 ng/L, consideradas concentrações ambientalmente relevantes em termos mundiais. Serão determinadas as concentrações de TBT nos organismos, sedimentos (no caso dos estudos in situ) e água (no caso dos experimentos) e as respostas dos seguintes biomarcadores: IMPOSEX (em T. coronatta), ACAP, GST e LPO (os três últimos em ambas as espécies). Estima-se encontrar diferentes concentrações de micropoluentes nos sedimentos e nos gastrópodes T. coronata assim como nos distintos órgãos da M. linifera nos diferentes períodos sazonais e pontos de amostragem. Os dados de biomarcadores tanto dos organismos expostos in situ como dos expostos experimentalmente tem o potencial de auxiliar no entendimento das respostas dos distintos organismos frente à contaminação. As diferenças entre as respostas observadas frente a exposição a altas e baixas concentrações de anti-incrustantes podem fornecer subsídios para a escolha dos biomarcadores mais responsivos nestas espécies para este tipo de contaminação. Desta forma, os principais produtos deste projeto serão a possibilidade de utilizar organismos residentes da região amazônica como biomonitores na contaminação por anti-incrustantes, além de verificar o potencial de M. linifera para o monitoramento de portos localizados em regiões de água doce, o que é extremamente relevante para a realidade amazônica.