CARACTERIZAÇÃO DA EXPRESSÃO CEREBRAL DOS RECEPTORES CANABINÓIDES CB1 E CB2 DURANTE A CINÉTICA DE INFECÇÃO EXPERIMENTAL PELO VÍRUS DA RAIVA
Infecções neuro-invasivas; neuroimunologia; Lyssavirus; Imunologia.
A raiva é uma antropozoonose de importância médica, que se manifesta como uma encefalomielite aguda e progressiva de prognóstico fatal em todos os mamíferos, causada pelo Lyssavirus rabies (RABV). A alta letalidade da doença é atribuída aos complexos mecanismos imunopatológicos explorados pelo agente, e à capacidade deste em modular a atividade neuroglial, visando proteger as células infectadas contra os mecanismos antivirais exercidos pela glia e pelo sistema imunológico. A dicotomia entre a gravidade da doença e a limitada intensidade de resposta à infecção desperta o interesse em investigar a participação de sistemas neuro-imunes que favoreçam o desfecho clínico. Dentre estes, o sistema endocanabinoide (SEC), representado por sinalizadores lipídicos endógenos, seus receptores CB1 e CB2; bem como pelas enzimas de metabolismo, emerge como um interessante alvo. Dado o papel das vias de sinalização reguladas por estes receptores para a fisiologia dos sistemas nervoso e imunológico, hipotetizamos que possíveis sinalizações no microambiente encefálico e alterações celulares induzidas pela infecção possam modificar os níveis de expressão tecidual de CB1R e CB2R e em células do sistema imune e do sistema nervoso, de forma a favorecer a neuroproteção, a manutenção das células infectadas e a apoptose dos linfócitos T-infiltrativos. Portanto, o objetivo deste trabalho consiste em caracterizar a expressão intraparenquimatosa dos receptores canabinóides CB1 e CB2 ao longo da cinética de infecção cerebral do RABV em camundongos Balb/C. Face a importância do sistema endocanabinóide para a homeostasia, comunicação neuro-imune e regulação de processos fisiopatológicos que acometem o Sistema Nervoso Central, bem como pela necessidade de investigar mecanismo inovadores envolvidos na patogenia da raiva; caracterizar o possível envolvimento destas vias poderá emergir novas perspectivas sobre a raiva e sobre outras infecções virais neuro-invasivas.