PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO POR Leishmania spp. EM DUAS POPULAÇÕES DE CÃES NA AMAZÔNIA ORIENTAL
Leishmaniose canina; Epidemiologia; Diagnóstico molecular; Amazônia Oriental.
A Leishmaniose Canina (LCan) é uma doença multissistêmica que acomete cães, sendo este considerado como principal reservatório de L. infantum. Os métodos moleculares, como a reação em Cadeia da Polimerase (PCR), tem sido cada vez mais utilizados no diagnóstico da doença pois apresentam vantagens, como alta sensibilidade, especificidade e a possibilidade de utilizar nos ensaios, diferentes tipos de amostras biológicas. O Estado do Pará apresenta fatores de risco associados com o aumento de casos da leishmaniose, mas principalmente por apresentar áreas que sofrem desflorestamento e migração humana, gerando um desequilíbrio ambiental que resulta na introdução do vetor no ambiente peridoméstico, o que pode aumentar o número de humanos e cães infectados. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo verificar a prevalência da infecção por Leishmania spp. em duas populações de cães na Amazônia Oriental. Para isto, foram analisadas 58 amostras biológicas pareadas de sangue total, conjuntiva ocular e nasal através da PCR, por dois diferentes marcadores, SSuDNA e kDNA. As amostras analisadas foram coletadas de cães residentes na Região Metropolitana de Belém (RMB) e do município de Paragominas. A coleta de dados incluiu informações epidemiológicas e clínicas sobre os animais, e os dados foram submetidos a análises bioestatísticas (p≤0,05). Em relação à prevalência da leishmaniose nas populações do estudo, na RMB foi encontrada uma prevalência de 36,11% (13/36) enquanto em Paragominas foi de 54,54% (12/22). A prevalência encontrada para a RMB foi menor do que descrito por Galvao em 2018 (46,93%) e maior para Paragominas descrita por Araujo em 2009 (3%). Observou-se uma associação significativa entre a zona de moradia, convivência com outros animais, presença de linfadenopatia e o aspecto geral do animal. Na RMB haviam mais animais infectados na zona urbana, enquanto em Paragominas na zona peri-urbana. Este resultado está de acordo com a literatura que indica a adaptação do vetor inicialmente em áreas periféricas até áreas urbanas mais centrais de cidades. Quando foram comparadas a sensibilidade de detecção do DNA do parasita, pelos diferentes marcadores e diferentes amostras, foi observada uma concordância entre amostras positivas detectadas no sangue e swabs (p= < 0.0001). Estes resultados diferem de outros estudos que indicam que o marcador kDNA é mais sensível que o SSuDNA e que amostras obtidas por swab, são mais sensíveis que o sangue. Porém, concorda com pesquisas que recomendam que, para detecção de Leishmania sp. sejam usadas mais de um tipo de amostra biológica e mais de um tipo de marcador para obtenção de um diagnóstico mais acurado.