INFLUÊNCIA DAS VARIANTES rs12979860 E rs368234815 DO GENE IFNL4 EM PORTADORES DO VÍRUS DA HEPATITE C NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM
IFNL4; SNV; hepatite C crônica; genética de populações
O vírus da hepatite C (HCV) afeta mais de 58 milhões de pessoas no mundo e a doença causada por ele ainda é motivo de grande preocupação para órgãos de saúde pela cronicidade ocasionada em muitos portadores. Dentre os fatores que comprovadamente influenciam o processo e o desfecho dessa infecção estão os polimorfismos do gene IFNL4. As variantes de maior destaque desse gene são rs12979860 e rs368234815 devido associação à eliminação espontânea do HCV, resposta às terapias antivirais e complicações como fibrose, esteatose e carcinoma hepatocelular. Levando estes aspectos em consideração, este estudo avaliou os impactos dessas variantes em aspectos clínicos e laboratoriais da infecção por HCV na população miscigenada da região metropolitana de Belém e se o perfil dessas variantes genéticas indica padrões de adoecimento dessa população. Para tanto, foi realizada uma coleta em parceria com o laboratório de virologia da Universidade Federal do Pará nas instituições Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Hospital Universitário João de Barros Barreto e Centro de Atenção à Saúde em Doenças Infecciosas Adquiridas. Foram obtidas 107 amostras, das quais se coletaram sangue venoso, informações clínicas e laboratoriais. Após a extração de DNA as amostras foram genotipadas (rs12979860 e rs368234815) de acordo com as instruções do fabricante, e as análises estatísticas seguiram para avaliar as possíveis associações genéticas e perfil clínico e laboratorial dos pacientes. As frequências gênicas observadas para rs12979860 foram 70,1%- CT, 27,1% - TT e 2,8% - CC e para rs368234815 41% ∆G/TT, 33,3% - ∆G/∆G e 25,6% - TT/TT. Observou-se que os genótipos do rs12979860 e rs368234815 não influenciaram nos níveis elevados de AST, ALT, GGT e bilirrubina indireta presente em mais de 70% dos indivíduos. Os portadores de HCV com genótipo rs12979860-CT apresentaram maior suscetibilidade a desenvolver fibrose (p=0,018), mulheres e pacientes infectados por HCV genótipo 3 estão mais suscetíveis à esteatose (p=0,018, p=0,043). Portadores de HCV com cirrose podem apresentar taxas mais elevadas de bilirrubinas (p=0,002) e os que têm esteatose, taxas mais elevadas de proteínas (p=0,020). Em relação as comparações do grupo de portadores HCV e populações continentais, as frequências alélicas de rs12979860 (C=38% e T=62%) e rs368234815 (TT=46% e ∆G=54%) mostraram-se semelhantes às frequências da população africana, miscigenada, paulista e americana. Esses achados permitem concluir que a maioria dos portadores de HCV da região metropolitana de Belém expressa a proteína IFN-λ4, e por isso têm menos chances de depurar o HCV, mais dificuldade de manter uma resposta satisfatória às terapias antivirais, sugerindo ainda, que pela semelhança populacional com povos africanos, é possível que o padrão de adoecimento seja similar à dessas populações.