HANSENÍASE E GRAVIDEZ NO BRASIL, NO PERÍODO DE 2010 A 2012
Hanseníase; gravidez; epidemiologia
O Brasil mantém a segunda posição global em incidência e prevalência quanto a hanseníase. Dos mais de cinco mil municípios brasileiros, 252 são prioritários,sendo 35% dos casos notificados na Amazônia. Casos de hanseníase e gravidez associados à gestação são registros poucos comuns, com publicações antigas sobre o tema. Prevalecem informações de que a gravidez não interfere no curso da hanseniase, mas a hanseníase pode interferir no curso gestacional, sendo o fenômeno ou reação de Lúcio mais frequente e mais no último trimestre gestacional. Objetivou-se estudar a situação epidemiológica dessa associação no Brasil, através da taxa ou coeficiente de detecção, por municípios, estados e regiões brasileiras no período de 2010 a 2012. Foram analisadas variáveis sócio-demográficas, operacionais e indicadores epidemiológicos, utilizando as informações obtidas do banco de dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação(SINAN), Secretaria de Saúde do Estado do Pará (SESPA), Intituto de Geografia e Estatística(IBGE), Ministério da Saúde (MS) e Laboratório de geoprocessamento do Instituto Evandro Chagas. Foi construído um indicador epidemiológico, o Coeficiente de Detecção da Associação entre Hanseníase e Gravidez (CDHG), a partir do qual foi proposta por análise estatística a criação dos novos valores que compõem os parâmetros de endemicidade (hiperendemico, muito alto, alto, médio e baixo) da hanseníase associada à gravidez. O CDHG avalia a magnitude da associação permitindo sua distribuição espacial em cada unidade geográfica municipal e estadual do Brasil. Os resultados das análises das variáveis e indicadores demonstraram que o Sistema de Vigilância vem sendo ineficaz para o alcance da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS), de reduzir a prevalência da hanseníase para menos de um caso a cada 10.000 habitantes, assim deixando de ser considerado problema de saúde pública. A interpretação dos parâmetros dos CDHG possibilitou que análises qualiquantitativas pudessem ser geradas, permitindo desenhar o panorama epidemiológico da associação, o que poderá servir como nova e útil ferramenta de análise, pois produziu conteúdos informacionais que poderão contribuir para o planejamento e adoção de medidas eficientes e eficazes de vigilância e controle no Brasil. Há imperativa necessidade de mais estudos acerca do tema, visto que aspectos imunológicos e epidemiológicos carecem de melhores esclarecimentos, somados as poucas publicações existentes.