LEVANTAMENTO BIOLÓGICO PORTUÁRIO E AVALIAÇÃO DE RISCO DE
INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES INVASORAS VIA ÁGUA DE LASTRO NA ZONA
PORTUÁRIA DE SANTARÉM, RIO TAPAJÓS
Bioinvasão. Crustáceos. Convenção BWM. Corbicula fluminea.
Ictioplâncton. Moluscos. Normam-20. Portos. Variáveis limnológicas.
As regiões portuárias representam os principais sítios de inoculação e dispersão de
espécies invasoras via água de lastro. Esta tese objetivou avaliar a distribuição sazonal das
variáveis limnológicas, do inctiopâncton, dos crustáceos decápodes e de moluscos na Área de
Influência Direta (AID) do porto de Santarém, bem como realizar a avaliação de risco de
introdução de espécies não indígenas (NIS) no rio Tapajós. As variáveis limnológicas foram
aferidas na subsuperfície da coluna d‟água. Foram mensurados a temperatura, oxigênio
dissolvido, pH, condutividade elétrica, turbidez, fosfato, amônia, nitrato, nitrito e clorofila-a.
O ictioplâncton foi capturado com redes de plâncton com abertura de malha de 300 µm, no
mesmo período de coleta das variáveis limnológicas. Os crustáceos foram capturados com
armadilhas fixas, puçás e peneiras entre fevereiro de 2016 e janeiro de 2017. Os moluscos
foram coletados com espátulas, amostrador de sedimento, draga e peneiras entre janeiro e
dezembro de 2018. A ANOVA (one way, p <0,05) foi utilizada para avaliar o efeito das fases
do regime hidrométrico do rio Tapajós (enchente, cheia, vazante e seca) sobre as variáveis
limnológicas, densidade larval, abundância absoluta e abundancia relativa do ictioplâncton. A
PCA possibilitou o ordenamento das variáveis limnológicas, considerando as fases
hidrométricas. A influência das variáveis limnológicas sobre a densidade do ictioplâncton foi
avaliada por meio de uma RDA. A riqueza, índice de diversidade de Shannon e dominância
das assembleias de crustáceos e moluscos foram estimados. A ANOVA explicou as diferenças
nos valores de abundância dos crustáceos e moluscos entre locais de captura e fases
hidrométricas. A avaliação de Risco (AR) foi conduzida para portos doadores de água de
lastro ao porto de Santarém, entre 2014 e 2019. A AR incluiu uma análise de Similaridade
Ambiental e de espécie-específica. Também foram analisados os formulários de água de lastro
deste período. Os valores de pH, oxigênio dissolvido e nitrato apresentaram diferença
significativa entre as fases hidrométricas. O ictioplâncton foi composto por oito espécies
representadas, principalmente, pelas famílias Engraulidae, Hemiodontidae e Achiridae. Foram
capturados 1371 espécimes de crustáceos, distribuídos em seis espécies e 903 espécimes de
moluscos agrupados em nove espécies. Foram descarregados 3.650.018,6 t de água de lastro
no porto de Santarém. Cerca de 83,1% do volume total descarregado foram submetidos a
troca oceânica. Os navios oriundos dos portos estuarinos de Rotterdam, Cabedelo, Aughinish
e Montoir e das bioregiões do mar Mediterrâneo e do Atlântico Oeste apresentaram alto risco
de introdução de espécies devido à presença de organismos capazes de se estabelecer no rio
Tapajós. O monitoramento regular da biota aquática no entorno dos principais portos
amazônicos deve ser realizado para prevenir a introdução de NIS. Estes resultados servem
como base para a tomada de decisão sobre a construção de novos portos na Amazônia e como
referência para programas de monitoramento e controle de invasões biológicas, conforme
recomenda a Convenção Internacional para o Controle e Gerenciamento da Água de Lastro e
Sedimentos de Navios.