TRADUÇÃO E ALTERIDADE NAS NARRATIVAS MOÇA RETRATO DA LUA E IAPINARI DE ANTÔNIO BRANDÃO DE AMORIM
Narrativas Indígenas. Alteridade. Tradução. Antônio Brandão de Amorim.
Esta dissertação tem por objetivo analisar narrativas indígenas recolhidas pelo etnólogo Antônio Brandão de Amorim em suas viagens realizadas às margens do alto Rio Negro, interior da floresta amazônica, no início do século XX, a partir da articulação entre as noções de tradução e alteridade, conceitos estes que se articulam neste trabalho como fator direcional para análise das narrativas selecionadas na obra de Brandão de Amorim. Em vista de tais observações é possível traçar considerações acerca dos estudos envolvendo a tradução e alteridade e suas relações na tradição mítica indígena, bem como compreender essas manifestações pertencentes à tradição oral e, posteriormente, a transposição para a modalidade escrita, entendida a partir dos relatos do viajante amazonense. O presente estudo situa-se a partir da compreensão da fenomenologia cosmológica indígena e realça uma aproximação com os saberes, costumes, crenças e culturas existentes entre os povos da floresta. Os textos mitológicos analisados estão presentes na obra do autor amazonense que integram a coletânea intitulada Lendas em Nheengatu e em Português publicada em 1928 A referida obra é composta em edição bilíngue por Brandão de Amorim com tradução partir da Língua Geral Amazônica –Nheengatu- para a Língua Portuguesa. A metodologia utilizada neste trabalho consiste em pesquisa bibliográfica a partir da seleção das narrativas, tomando por base a articulação dos conceitos tradução e alteridade a partir da averiguação de material teórico que sustente esta análise. Os autores basilares deste estudo são Roman Jakobson (2007), Jorge Larrosa (2003), Lúcia Sá (2012), Mircea Eliade (1972), Viveiros de Castro (2002), Lévi-Strauss (1989), Freud (2012) entre outros estudiosos que versaram de maneira contundente sobre os conceitos tratados ou que de alguma forma complementam o diálogo desta pesquisa. Os saberes, crenças e práticas difundidas por meio da tradição indígena, foram, por muito tempo, marginalizadas, ignoradas ou encaradas de forma equivocada, pelo olhar estrangeiro na figura do colonizador. Por fim, este trabalho elucida a importância de se refletir a literatura de expressão indígena através de seus mitos, no intuito de proporcionar uma interpretação crítica, plural e interdisciplinar a partir da reflexão sobre a literatura e o pensamento indígena.