“Da Natureza ao Carnaval. Um estudo sobre o movimento do Pretinhos do Mangue na cidade de Curuçá-PA, Amazônia.”
Natureza-cultura; Mãe Grande; Carnaval; Zona Costeira; Amazônia.
Este trabalho tem o objetivo de discutir questões relacionadas com a História Ambiental
e a Antropologia, buscando relacioná-las com os blocos de Carnaval da cidade de
Curuçá – Região do Salgado Paraense. Para isso, foi utilizada a etnografia como
procedimento para experimentar as formas de habitar o ambiente dos curuçaenses que se
dedicam aos blocos carnavalescos. Nota-se, então, que o bloco Pretinhos do Mangue é o
principal elemento que tem chamado a atenção dos que vêm de fora que, por sua vez,
tem fomentado cada vez mais o turismo a economia da cidade. Esse bloco, e outros, tem
propagado, com a ajuda dos meios de comunicação de massa, uma ideia de natureza que
deve ser preservada. Assim, os blocos trazem em seu desfile pelas ruas da cidade as
experiências com a natureza, ou melhor, com a Mãe Grande. As experiências estão
ligadas a interrelação que os curuçaenses estabelecem com o ambiente, seja por meio de
práticas “tradicionais”, como a pesca artesanal, ou atividades de não-trabalho. Neste
sentido, a natureza tem se configurado para os curuçaenses, como algo sagrado,
reflexivo 3e lúdico. Ainda mais, a ideia de cuidar do ambiente percorre até o cuidado de
si, promovendo, assim, a busca pelo ideal de bem-estar dos moradores locais, dos
brincantes e da natureza.
Por fim, a partir desse contexto, o esforço desta reflexão é o de questionar a separação
ontológica entre natureza e cultura, provocada pela racionalidade científica moderna
ocidental, a qual criou um fosso entre não-humano e humano em relação a produção do
conhecimento. Entre os autores de base teórica estão Tim Ingold (2016), José Augusto
Pádua (2010) e Donald Woster (2015).