INTERCULTURALIDADE NAS LICENCIATURAS: UM OLHAR SOBRE PRÁTICAS DOCENTES E SABERES DO CAMPO.
Educação do Campo. Ensino Básico. Práticas Pedagógicas. Interculturalidade.
A Educação do campo e os saberes interculturais são elementos indissociáveis para uma educação transformadora, junto a uma premissa interdisciplinar, esta pesquisa pretende problematizar a formação inicial no sentido de contribuir com a formação de professores de diferentes áreas do conhecimento que atuam na educação básica no campo e prover discussões sobre as práticas pedagógicas desenvolvidas. Como ponto de partida foi suscitado o seguinte problema: Como a interculturalidade é percebida nas práticas docentes do campo? Esta se propõe a identificar o que vem sendo discutido academicamente sobre as práticas pedagógicas para educação básica
no campo; analisar como a formação inicial sob a ótica intercultural reflete sobre as práticas pedagógicas; verificar como discentes e docentes percebem essas práticas; e por meio desses analisar se essas práticas convergem às bases norteadoras oficiais e os seus caminhos teórico-práticos para educação no campo. A metodologia empregada é a análise qualitativa e quantitativa dos resultados obtidos da aplicação de uma revisão sistemática da literatura (RSL). Além da análise de resultados oriundos de questionários aplicados a docentes e discentes do campo, visando confrontar o que foi obtido na RSL aos documentos oficiais norteadores. Os resultados demonstrados na RSL evidenciam que em alguns estados da federação já trabalham sob o viés da interculturalidade e da interdisciplinaridade, sobretudo em Escolas Familiares Agrícolas e Institutos Federais, além apresentar maior engajamento entre os discentes, reafirmam o senso de pertencimento, e ressignificam os saberes locais, contudo, evidenciam diversas fragilidades na execução e escolha de materiais pedagógicos, ausência de formação docente adequada a proposta curricular implementada. Semelhante aos dados encontrados na RSL a educação básica do campo paraense também indicam propostas interculturais locais descontextualizadas a base comum curricular imposta pelo sistema, e que docentes de forma intuitiva buscam aproximar suas práticas a realidade local, por falta de formação adequada e diante da ausência de disciplinas e conteúdos curriculares fomentados nas graduações e nas escolas que garantam tais perspectivas, corroborados pelos olhares dos discentes e discentes que consideram de suma importância a presença desses saberes e de um maior investimento em políticas públicas e garantias de direitos como transporte, merenda, e o direito de estudar na sua própria comunidade, e que na ausência desses culminam em desinteresse e evasão, que reforçam o discurso hegemônico colonizador sobre o campo de atraso, ressaltando a necessidade de mudanças curriculares nas licenciaturas para dar condições equânimes de antropização dos sujeitos significativamente, desde a graduação, para poder refletir na sala de aulas da educação básica.