Percepção espaço-temporal das agressões por morcegos em área de conservação do Nordeste Paraense, Amazônia Oriental
Mordedura de morcego, análise risco; Amazônia; raiva;
No estado do Pará foram registrados nos últimos 15 anos, quatro surtos de raiva humana transmitida por morcegos hematófagos. A circulação do vírus rábico entre morcegos tem lançado um alerta na região Amazônica, pois ele tem se tornado o mais significativo transmissor da raiva humana no presente, no e no estado do Pará. Agressões por morcegos em humanos vem sendo relatadas no município de Curuçá, precisamente na área da Reserva Extrativista (RESEX) Mãe Grande. Suspeita-se que as agressões por morcegos hematófagos em humanos ocorram principalmente nas áreas de manguezal do município, e que a interferência humana nas áreas de mangue, através da caça de possíveis hospedeiros naturais para o morcego, pode apresentar uma relação com o aumento das agressões. Este trabalho tem por objetivo compreender a percepção espaço-temporal e a dinâmica das agressões por morcegos hematófagos em humanos em uma área de reserva extrativista na Amazônia ao longo dos tempos. Como procedimento metodológico, será gerado um banco de dados com as informações do Levantamento das famílias que residem e/ou utilizam a unidade de conservação (UC) obtidas pelo ICMBio em maio e junho de 2019. Adicionalmente foram realizadas entrevistas orais com os atores sociais mais antigos e indivíduos já agredidos das comunidades visitadas, A estatística descritiva será realizada no SPSSv.24 para a caracterização da população sob risco e as gravações das entrevistas foram iniciadas uma análise do discurso. Adicionalmente, as residências onde já ocorreram as agressões por morcegos foram georreferenciadas e mapas temáticos com a espacialização dos casos serão construídos. Os indivíduos sob risco maior, são os pescadores artesanais que vivem fixados com suas famílias ou permanecem por temporadas nas ilhas e praias para pescar caranguejo, peixe ou camarão. Nessas localidades foram identificados indivíduos com agressões recentes. Pelo discurso captado neste trabalho, a população agredida acaba negligenciando este ocorrido, pelo desconhecimento do risco ao qual estão submetidos. Em geral, os entrevistados não relacionam a alteração da paisagem com o aumento das agressões, mas destacam a redução de algumas espécies animais nesse ambiente. Na percepção dos pescadores, o alcoolismo é um fator importante para exposição desses indivíduos, que se tornam mais vulneráveis ao morcego vampiro.