HOMENS, NOMES E BARCOS: SABERES, PRÁTICAS E SIGNIFICADOS INCUTIDOS NOS NOMES DAS EMBARCAÇÕES PESQUEIRAS DE BRAGANÇA E SÃO JOÃO DE PIRABAS-PARÁ
Etnografia. Semântica. Nomes. Embarcação.
Este trabalho objetiva investigar os nomes conferidos às embarcações pesqueiras no município de Bragança, região nordeste do Pará. O estudo intenta discutir de que forma se estabelecem as relações sociais a partir da verificação desses nomes, o que pode levar a identificação de práticas, saberes e costumes desta comunidade pesqueira. Nesse contexto, duas categorias notoriamente se destacam: os abridores de letras navais e os proprietários das embarcações. A investigação de abordagem qualitativa inicia-se pela pesquisa de campo no intuito de coletar informações nos estaleiros e espaços afins bragantinos, em seguida por meio da história oral, no uso de entrevistas, coletaram-se as falas dos sujeitos abridores de letras e donos de barcos. A proposição norteadora da pesquisa é a de que por meio do significado dos nomes das embarcações possamos compreender de que maneira se dá a interação entre homem, embarcação e natureza e como processos culturais podem ter fundamentado a escolha desses nomes. Desta forma, objetiva-se entender o saber-fazer dos abridores de letras navais, assim como apreender a simbologia dos nomes dos barcos para proprietários e abridores de letras. Dentre os autores utilizados para esta discussão estão: Malinowski (2018), Lévi-Strauss (1989), Ramalho (2007), Lukács (2018), Rugiu (1998), Pollak (1992) e Hall (2006). Os principais métodos utilizados nesta pesquisa foram a pesquisa de campo e história oral. Obteve-se como resultado a percepção de que nas cidades referidas há quantidade de barcos com nomes que levam em consideração os contextos socioculturais que cercam seus proprietários, atrelados a questões religiosas, parentais e afetivas. Também foi possível identificar as relações dos abridores de letras navais com os nomes que pintam. Assim, depreendeu-se que os simbolismos presentes nos nomes das embarcações expressam as vivências dos donos de barco e marcam os saberes-fazeres daqueles que materializam esses nomes, os abridores de letras.