Trajetória de Mulheres Velhas e o Enfrentamento do Analfabetismo no Interior da Amazônia – Castanhal – Pará.
Mulher velha; Analfabetismo na Amazônia; Gênero e Patriarcado.
A pesquisa trata do problema do analfabetismo de mulheres velhas no interior da Amazônia Paraense; das possíveis consequências socioeconômicas resultantes dessa situação, na vida dessas mulheres e de seus familiares. Bem os impactos sociais da superação daquela condição de analfabetismo. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa por meio de um estudo de caso, com a utilização de um protocolo de entrevistas com 13 (treze) mulheres com idade de 62 (sessenta e dois) a 92 (noventa e dois) anos, que superaram a condição de analfabetismo, no programa Grupo de Educação na Terceira Idade – GETI, da Universidade Federal do Pará, Campus de Castanhal. A escuta de suas histórias de vida, foi imprescindível para compreendermos o lugar social dessas mulheres, pressupondo trajetórias de negação de direitos. Neste caso, enfocamos o direito à educação. As mulheres pesquisadas congregam vários marcadores de exclusão social, para além da imbricação das condições de mulher e velha. Destas, prevaleceram aquelas que se declaram de cor parda ou negra[1]; suas moradias estão fixadas em regiões geograficamente periféricas; a maioria é migrante de outros municípios do estado do Pará ou da região nordeste do Brasil. Prevalece ainda o alto índice das que se reconheceram em situação de prejuízo socioeconômico e cultural, pelo longo período da vida em condição de analfabetismo ou baixa escolaridade. O que, consequentemente provocou, ou as manteve em situação de pobreza, pois as que apresentaram maior renda, recebem dois salários mínimos, um de aposentadoria e outro de pensão pela morte do marido, o que recai em outra categoria de exclusão, a viuvez. Para analisarmos interseccionadamente as categorias sociais, mulher, gênero, velhice e envelhecimento humano, educação e exclusão na Amazônia, aportamos nossa discussão em várias/os teoricas/es como, Simone de Beauvoir (1980), (1990); Barbara Walker (2001); Alda Motta (2005), (2011); Mirian Goldenberg (2013); Anita Neri (1991), (2005); Guite Zimerman (2000); Frederic skinner e M. Vaughan (1985); Regina Simões e Sérgio Nassar (2016); Paulo Freire (1996), (2000), (2011), (2018); Miguel Arroyo (2014), (2016); Enrique Dussel, (1977); João Ramos (2012); Mariúza Lima (2000); Flávia Araújo (2013); E, na legislação pertinente. Para o desenvolvimento da metodologia nos ancoramos em Antônio Severino (2007); Laurence Bardin (2016); Laura Franco (2018) e Moreira e Kakeffe (2008). É nossa intenção que esse trabalho possa subsidiar outras pesquisas interdisciplinares, sobre as questões que envolvem educação e o analfabetismo na Amazônia, em especial de mulheres, vítimas do patriarcado e da negação do direito à educação, disposto na legislação brasileira.