O DESENHO-XAMÃ NO AMBIENTE-MUNDO AYAHUASQUEIRO: Experimentos Etnográficos com o Centro de Unificação Rosa Azul
ayahuasca, Cura, Xamanismo, percepção sagrada, ambiente, antropologia
Este trabalho buscou apresentar uma reflexão, em perspectiva interdisciplinar, das práticas ritualísticas desenvolvidas no Centro de Unificação Rosa Azul (CURA) –Marituba/PA: que envolvem uma percepção sagrada do ambiente, abrangendo questões relacionadas a uma consciência de si, em conexão com a natureza e com todos os seres que nela habitam, por meio do uso ritual da ayahuasca. O CURA está inserido no processo de reinvenções e transformações que vem ocorrendo no uso da ayahuasca nos centros urbanos nas últimas décadas. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, através do trabalho de campo antropológico e também, teórica/bibliográfica apoiada em estudos antropológicos em diálogo com outras áreas de conhecimento. Para obtenção das informações foram realizadas entrevistas e observação participante nos rituais, onde foram destacadas algumas situações relevantes, assim como a utilização desse chá enquanto agente de cura e de desenvolvimento de habilidades e conhecimentos. Inspirada na ideia de “Antropologia Gráfica”, o presente estudo objetivou fazer uma descrição por meio de desenhos criados a partir de experiências com a ayahuasca, como maneira de esboçar a cosmologia ayahuasqueira, assim como a percepção do ambiente vivido no CURA, e desse modo ter acesso a valores e significados que estruturam esse grupo. Os resultados obtidos tiveram como pano de fundo os princípios metodológicos das Artes Visuais e a concepção de culturas como habilidade. Foi possível concluir que as relações entre ritual e religião, trajetórias pessoais e produções artísticas, as quais tem por inspiração suas experiências com a ayahuasca, podem contribuir com o desenvolvimento de habilidades e outros conhecimentos proporcionados pelo chá, resultando em uma troca significativa entre o humano e não humano.