OS USOS DA MEDICINA TRADICIONAL NA PANDEMIA DE COVID-19 EM CIDADE LOCAL DA AMAZÔNIA
medicina tradicional; comunidade local; pandemia; covid-19.
No contexto da pandemia de covid-19, comunidades locais, situadas distantes das capitais, sofreram com um sistema de saúde saturado e dificuldades para conseguir atendimento médico, recorrendo a seus conhecimentos ancestrais sobre a natureza, para manterem-se saudáveis e tratar os sintomas da doença. Este estudo teve como objetivo compreender a utilização da medicina tradicional em tempos de pandemia de covid-19, na cidade de São Caetano de Odivelas. Trata-se de estudo qualitativo descritivo e quantitativo, em que foram utilizados métodos e instrumentos etnográficos aplicados para a coleta dos dados, como a observação participante, entrevistas orais, diário de campo, gravações e registros fotográficos. Observou-se que o município sofreu os impactos da pandemia de covid-19 e criou estratégias para seu enfrentamento, a partir da implantação de novos serviços e protocolos médicos. A medicina tradicional, a partir das práticas tradicionais de saúde, foi usada por 110 (87,3%) moradores odivelenses para prevenção e cura da covid-19, principalmente na forma de chás, xaropes e sucos. O limão (Cittrus limon) foi a planta medicinal mais frequentemente usada nos preparados de remédios caseiros para a doença (71,3%) e a crença na fé constituiu o ingrediente fundamental para o sucesso da terapia aplicada em 78,6% das pessoas. Desta forma, demonstrou-se que a medicina tradicional foi utilizada durante a pandemia de covid-19 pela população de São Caetano de Odivelas como um elemento importante para a complementaridade da terapêutica médica instituída, contribuindo para a manutenção da memória, identidade cultural e aumento do sentimento de pertencimento local.