SAÚDE COLETIVA E COVID-19: O APORTE DA COMUNIDADE CIENTÍFICA BRASILEIRA NO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA
COVID-19; Saúde Coletiva; produção científica; comunicação científica; Ciência da Informação.
A rápida disseminação da COVID-19 pelo mundo fez com que o número de pesquisas relacionadas à doença aumentasse também em um ritmo acelerado, configurando uma corrida científica sem precedentes. A comunidade científica da Saúde Coletiva brasileira também ficou envolvida nesse movimento. Para visibilizar o aporte do Brasil nesse campo, este trabalho buscou analisar o perfil e a contribuição da produção científica da Saúde Coletiva brasileira para o enfrentamento da COVID-19 nos dois primeiros anos da pandemia. Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem quali-quantitativa, que utilizou a pesquisa bibliográfica e as análises bibliométrica, altmétrica e de conteúdo. A produção científica foi medida utilizando os indicadores de produção, impacto e visibilidade científica. Para tais efeitos, foram buscados artigos sobre Saúde Coletiva e COVID-19 nas bases Web of Science, Scopus, SciELO e PubMed Central, tendo o Brasil como país de afiliação de um ou mais autores e o período de publicação delimitado de jan./2020 a dez./2021. Como resultado, foram selecionados 735 artigos, em sua maioria publicados em 2021 (62,04%), em inglês (50,07%), em revistas estrangeiras (72,41%), na modalidade de artigo original (58,23%), tendo recebido 7.027 citações. A Região Sudeste foi que registrou o maior número de publicações (51,56%), com destaque para a Universidade de São Paulo como a instituição mais producente (6,88% dos artigos). A área conseguiu se articular com pesquisadores de 827 instituições de 71 países. O autor mais produtivo publicou 18 trabalhos. Apenas 25,44% dos artigos mencionaram uma fonte de financiamento, sendo o CNPq o mais citado. Os 100 artigos com maior número de citação apresentaram 47.982 interações em plataformas de mídia social, a maioria do Twitter (54,76%) por membros do público em geral (92,69%). O artigo com o maior índice de atenção em mídias sociais ficou em 82º no ranking dos mais citados. Foram identificas 14 temáticas, sendo “Atenção à saúde e a produção de cuidados na pandemia” a que representou o maior número de artigos (108). Entretanto, “Epidemiologia e vigilância em saúde no contexto pandêmico” foi a temática mais relevante para a comunidade científica e que despertou maior interesse no público em geral. Conclui-se que os documentos recuperados nesta pesquisa refletem a produção científica brasileira e foram considerados relevantes, pois foram citados por outros autores em suas pesquisas e despertaram a atenção de um público não apenas científico/acadêmico, mas também midiático e geral. Com este mapeamento, buscou-se contribuir para uma visão clara do nível de evolução da Saúde Coletiva brasileira e da sua colaboração global durante uma das maiores crises de saúde pública das últimas décadas. Além disso, espera-se que esta pesquisa possa estimular estudos sobre a produção científica brasileira, como forma de demonstrar sua relevância e a imperiosa necessidade de investimentos em ciência mesmo em tempos de dificuldades políticas e econômicas.