AS AÇÕES DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO ALBRAS/ALUNORTE: DESENVOLVIMENTO, DESTERRITORIALIZAÇÃO E O SURGIMENTO DE NOVAS TERRITORIALIDADES (COMUNIDADE SÃO JOSÉ, BARCARENA, PARÁ)
Desenvolvimento. Território. Territorialidade. Identidade. Desterritorialização.
A presente pesquisa ocupa-se dos impactos aos quais foram submetidos os antigos moradores da comunidade São José com a instalação do complexo industrial Albrás/Alunorte a partir da década de 1980; neste sentido inclinou-se a responder a seguinte questão-problema: quais as relações existentes entre as ações de implantação do complexo industrial Albrás/Alunorte e o processo de ocupação/desocupação territorial na antiga Comunidade São José em Barcarena, Pará? A partir de tal problema, objetivou-se: analisar de que forma as ações de implantação do Projeto Albras/Alunorte durante a década de 1980 repercutiram no modo de vida dos moradores da antiga comunidade São José e em suas territorialidades. Tomou-se como importante, o atendimento aos seguintes objetivos específicos: identificar através de mapeamento os moradores da antiga Comunidade São José afetados com a implantação do projeto Albras/Alunorte; levantar informações sobre o modo de vida dos moradores da antiga comunidade São José e suas territorialidades no período precedentes às ações de implantação do projeto Albras/Alunorte; e por fim, verificar o modo de vida dos moradores da antiga comunidade São José e suas novas territorialidades considerando o período pós-implantação das ações do projeto Albras/Alunorte até os dias atuais. Para tanto, empreendeu-se uma pesquisa qualitativa segundo Minayo (2001), efetivando-se um levantamento bibliográfico, documental e ex-post-facto, com base nas ideias de Teixeira (2010) e Gil (2002); assim como acionou-se o recurso metodológico da História Oral, segundo as premissas de Alberti (1996) e Portelli (1997) quanto à relação história e memória; além da Análise de Conteúdo de acordo com as ideias de Trivinos (1987). As análises aqui apresentadas foram soerguidas à luz das ideias de Netto (2011) acerca da concepção do materialismo histórico e dialético; Saquet (2011), acerca das territorialidades; Santos (1994; 1998 e 2000), sobre território; Barth (2002), acerca dos sistemas sociais fraturados; Thompson (1987; 1998; 2001), sobre experiência vivida e experiência percebida; Halls (2005) e Sahlins (2003), tocante à dinâmica de mudanças e atualizações das identidades; Rostow (1974), sobre as etapas do desenvolvimento econômico; Sarmento (2008), quanto ao desenvolvimentismo brasileiro; Oliveira & Carleal (2013), acerca do desenvolvimentismo na Amazônia; Pinto (2010), Silva et al (2017), sobre a implantação do complexo industrial Albrás/Alunorte em Barcarena, entre outros. O esforço analítico aqui empreendido, possibilitou identificar o avanço do capital global sobre o local, em parceria com disposições de Estado, sob uma visão desenvolvimentista que por demandas econômicas, não reconheceu limites em ocupar um território já ocupado, e as diversas possibilidades de desterritorialização e reterritorialização aos quais se submeteram os antigos moradores da Comunidade São José, realidade aproximada aos demais desapropriados pela instalação e afetados pela operação deste polo industrial, sobretudo mais recentemente quanto à degradação ambiental.