DESÍGNIOS DE APATIA EM DOIS IRMÃOS, DE MILTON HATOUM: ATITUDE BLASÉ E A APARTAÇÃO DA CIDADE.
Apatia. Atitude blasé. Apartação. Cidade. Dois irmãos.
Esta dissertação consiste em uma leitura de Dois irmãos de Milton Hatoum. Nosso objetivo é examinar a presença da apatia no romance. Nosso exercício metodológico tem como ponto de partida uma problematização do tema da aphatéia e do phátos; segundo, Reale (2003); Radice (2013); Brun (2005). Em seu segundo capítulo apresentamos os sentidos da apatia na epistemologia psicanalítica, filosófica e sociológica, segundo Marin Masaru (1991) (2011); Sigmund Freud (2016); Paul Harb (1974); Immanuel Kant (2003); Zygmunt Bauman (1995) (1999) (2005); George Simmel (1973) (1983) e Giorgio Agamben (2002) (2020). A terceira parte consiste na reflexão sobre um motivo central da apatia. Em Dois irmãos, a apatia está associada ao reconhecimento da presença do trauma e ao efeito da relação deste com os sujeitos, segundo Freud 1975[1939[1934-1938]]. A partir de Nael, a apatia se manifesta como desligamento, da necessidade de apartar uma falta - em Omar, encontramos um interesse motivado pela apatia, da necessidade de proteção - e em Yaqub, a apatia se manifesta como camuflagem, da necessidade de readaptação. Em sua quarta e última parte, a apatia está associada ao reconhecimento da presença da apartação e ao efeito da relação desta com a cidade. A cidade é marcada pela presença da apartação, constituindo uma relação apática entre a abstinência de Omar, a renúncia de Yaqub e a atitude blasé propriamente dita.