CULTURAS E MEMÓRIAS NA COMUNIDADE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS EM MOJU-PA: identidades de resistências
Cultura. Identidades. Território. Memória. Resistência.
Esta pesquisa tem como objeto de estudo a cultura de resistência na comunidade quilombola Nossa Senhora das Graças em Moju-PA avaliando suas dimensões políticas e simbólicas. Descreve os processos culturais existentes na comunidade analisando em que medida eles refletem ou não o sentido de uma cultura de resistência, tendo como fio condutor as representações por meio da memória, do cotidiano e suas teias de relações da vida social. Busca-se mostrar como esses processos são concebidos no contexto estudado. Além de identificar as relações existentes entre campo-cidade no que se refere as inter-relações, interações, diferenças e complementaridades e se tais relações interferem nessa cultura de resistência. Pretende-se, também, apontar os aspectos discursivos, bem como ações afirmativas que informam acerca da constituição de uma identidade de resistência no lugar. Como método optou-se pela pesquisa etnográfica de cunho qualitativo e interdisciplinar desenvolvido com base na observação, pesquisa bibliográfica, registros fotográficos e entrevistas abertas. Como aporte teórico foram utilizados os autores Geertz (1989), Bourdieu (2007), Cunha (1986), Bosi (1997), Le Goff (1997), Pollak (1992), Faoro (1997), Foucault (1996, 1997, Hall (2011), Castells (2018), Pesavento (2004,) Sacramento (2007), Saquet (2009), entre outros. Os resultados da investigação revelaram que existem diferentes formas de resistência face à invasão dos projetos agroindustriais e a interação campo-cidade como a interferência no modo de viver das pessoas, a violência, falta de assistência reparatória das empresas e do poder público aos danos causados ao meio ambiente e as comunidades locais. Diante desse contexto a comunidade reage fortalecendo sua tradição através de práticas que visam a conscientização e o cuidado com o território, tratando-o como um espaço de reprodução cultural que por meio de organização coletiva e participação política (reuniões, palestras, fóruns, seminários, ações judiciais reparatória) buscam reforçar a identidade étnica local caracterizada como de remanescentes quilombolas.