SUBJETIVAÇÃO JUVENIL A PARTIR DA PRODUÇÃO DA JOVEM NEGRA NA TELENOVELA MALHAÇÃO: um olhar interseccionalizado.
Telenovela Malhação. Dispositivo midiático. Jovem negra. Interseccionalidade. Subjetivação.
A temática proposta apresenta a mídia televisiva como dispositivo que ajuda a constituir a subjetividade juvenil objetivando analisar como os/as jovens da Escola Estadual Carmem Cardoso Ferreira e do Sistema de Ensino Vestibulando (SEV)1 são subjetivados e resistem aos discursos constituídos sobre as jovens negras na telenovela Malhação “Vidas Brasileiras”. Assim, elaboramos a seguinte problemática: analisar como os/as jovens da Escola Estadual Carmem Cardoso Ferreira e do Sistema de Ensino Vestibulando (SEV)2 são subjetivados e resistem aos discursos constituídos sobre as jovens negras na telenovela Malhação “Vidas Brasileiras”? A problemática de pesquisa foi desdobrada nas seguintes questões norteadoras: Quais as técnicas acionadas pelo dispositivo da mídia televisiva para dar visibilidade as jovens negras colocadas em foco? Como as jovens negras aparecem discursivamente na Telenovela Malhação? Como os/as jovens/as da Escola Carmem Cardoso Ferreira e do Sistema de Ensino Vestibulando são subjetivadas e resistem aos discursos da telenovela? A partir do objetivo geral elaboramos os seguintes objetivos específicos: identificar quais as técnicas acionadas pelo dispositivo da mídia televisiva para dar visibilidade as jovens negras colocadas em foco; mapear como as jovens negras aparecem discursivamente na Telenovela Malhação; problematizar como os/as jovens da Escola Carmem Cardoso Ferreira e do Sistema de Ensino Vestibulando são subjetivadas e resistem aos discursos da telenovela. Como procedimento metodológico acionamos algumas ferramentas foucaultinas de seu método arqueogenealógico atentando para os processos históricos de constituição subjetiva, sendo tais reflexões alicerçadas nas seguintes leituras: Foucault (1979, 1984, 2004, 2005, 2006 e 2008), para analisarmos as cenas nas quais as jovens negras Dandara, Talíssia e Jade são colocadas em destaque, bem como as falas dos/as jovens entrevistados/a. Para realizar as discussões gravamos os episódios semanalmente e assistimos durante os finais de semana. Para analisarmos as técnicas de fabricação da juventude na mídia e na telenovela acionamos autores como Kellner (2001), Fischer (2001, 2012), Veiga-Neto (2003), Courtine (2013), Canevacci (2005), Coimbra, Bocco e Nascimento (2005). Nas análises das personagens da telenovela, procuramos dar voz às teóricas que em seus trabalhos destacam a intersecção de raça, gênero e classe, entre elas Del Priore (2004, 2011), Davis (2016), hooks (2014, 2017), Gonzalez (1982, 1984), Bilge (2015), Crenshaw (2002), Akotirene (2019). As análises dos enunciados da telenovela indicam mudanças e permanências referentes ao modo como a jovem negra é fabricada, ao mesmo tempo em que as colocam em evidência reforçam alguns estereótipos constituídos historicamente. As informações analisadas no decorrer da dissertação sinalizam para o que denominamos de “Subjetividades de fronteiras”, pois os/as jovens vivem uma tensão entre os discursos marcados pela colonialidade e as discussões atuais demandadas pelos movimentos feministas negros que problematizam a interseccão de marcadores que acentuam as discriminações.