O AUMENTO DA PRODUÇÃO DO AÇAÍ (Euterpe oleraceae) E AS ALTERAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS NA VÁRZEA DE IGARAPÉ MIRI.
Agricultura familiar; transformação da várzea; impactos socioambientais.
A produção de açaí (Euterpe oleraceae) tem contribuído significativamente com a distribuição da renda entre as famílias ribeirinhas de vários municípios do nordeste paraense. O açaí, além de ser uma fonte de renda extremamente importante por ser a base da economia no estado do Pará, também é um produto indispensável para a alimentação do povo paraense, pois, este é uma fruta rica em proteínas, fibras, lipídeos e vitaminas. Conhecido também por ser o segundo maior antioxidante existente, o açaí possui boa quantidade de fosforo, ferro e cálcio, com tantos benefícios o açaí se tornou um produto de grande importância o que tem contribuído para sua expansão e exportação em grande escala. O estado do Pará se posiciona como o principal produtor, consumidor e exportador do produto, que entre outros fatores tem grande valor cultural na região e devido suas qualidades nutracêuticas, cresceu a demanda no Brasil e no mundo. O município de Igarapé Miri é um dos principais produtores do Estado, com cerca de 28% da produção, configurando-se como o principal produto da várzea. Entretanto, essa imensa produção tem contribuído para transformações, sociais, econômicas e ambientais, proporcionando uma nova forma de organização social nas comunidades ribeirinhas. É necessário que cuidados sejam adotados, pois, a expansão em larga escala pode esconder elevados riscos ambientais a médio e a longo prazo. Assim, esta pesquisa tem como objetivo principal analisar as alterações socioambientais na várzea do município de Igarapé-Miri, causados a partir da expansão da produção do açaí na região do Baixo Tocantins através do olhar dos sujeitos que vivenciam essa realidade. O método de pesquisa utilizado é qualitativo, através de um estudo de caso. A coleta de dados está acontecendo em vários locais, considerados importantes para fornecer informações necessárias e essenciais para a pesquisa. Dentre eles destacamos o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Igarapé-Miri, a secretaria de Meio Ambiente e de Agricultura do município, a empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará-EMATER, a associação de Mulheres de Igarapé-Miri-ASMIM, a Cooperativa Agrícola dos Empreendedores populares de Igarapé-Miri-CAEPIM, a Cooperativa de Desenvolvimento do Município de Igarapé-Miri-CODEMI e pôr fim a Associação dos Minis e Pequenos Produtores Rurais de Igarapé-Miri-MUTIRÃO, palco principal da pesquisa. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e abertas, aplicação de formulários, observações, conversas formais e informais. Ainda será realizado reuniões e encontros com o grupo focal para a criação de mapas mentais. Os resultados até o momento adquiridos apresentam o histórico das dificuldades, lutas e transformações ocorridas na várzea de Igarapé-Miri a partir do declínio da cana-de-açúcar até a consolidação e expansão da produção do açaí e as principais transformações sociais, econômicas e ambientais que estão acontecendo no território ribeirinho.