OS DISCURSOS DE PROFESSORES SOBRE A INCLUSÃO DE SURDOS NA UNIVERSIDADE: MARCAS DAS REPRESENTAÇÕES DE (EX) INCLUSÃO E (IN)VISIBILIDADE.
Discurso. Surdez. Universidade. Inclusão.
Levando em consideração que a proposta Análise de Discurso Crítica interessa-se nos estudos de problemas sociais, os quais podem ser parcialmente sustentados/superados pelo discurso, a temática da (ex)inclusão de surdos na universidade encontra caminho profícuo para essa articulação. Sobretudo quando se trata de compreender o objeto de estudo desta pesquisa, que é o discurso docente sobre a inclusão desses sujeitos, que historicamente foram invisibilizados e estigmatizados, e hoje ocupam seu lugar social na universidade, adentram os espaços sociais antes nunca sonhados. Diante do fato da inserção de pessoas surdas na universidade, objetiva-se nessa investigação analisar as representações sobre a inclusão de alunos surdos, materializadas discursivamente por professores universitários. Como objetivos específicos, pretende-se identificar as marcas de (ex)inclusão, relações de poder e (in)visibilidade, dos surdos representados em discursos de professores universitários; Verificar como o professor universitário identifica a pessoa surda em suas manifestações discursivas; Compreender de que modo a inserção de pessoas surdas na universidade reflete no trabalho docente e por fim, verificar como se reproduz ou se minimiza discursivamente a inclusão de surdos na universidade. A pesquisa está ancorada teórica e metodologicamente na Análise de Discurso Crítica (ADC). As bases teóricas da ADC encontram referências em Fairclough (2001; 2003) Chouliaraki e Fairclough (1999); Resende (2009); Resende e Ramalho (2006; 2011), que consideram o discurso como parte integrante da prática social. Para a discussão sobre identidades nos pautamos em Hall (2006), Castels (2001), Silva (2000), Woodward (2000). Thompsom (2011) por sua vez contribui com os postulados sobre ideologia. Para as reflexões sobre a surdez e inclusão de pessoas surdas, contribuem Skliar (1997; 2003; 2013); Lacerda (2000; 2014), Quadros (2004; 2008), Perlin (2003). Trata-se de uma pesquisa qualitativa, tendo a Etnografia como metodologia de geração e coleta de dados e a análise de discurso crítica como metodologia de análise dos dados, na tentativa de compreender o objeto investigado. Os resultados parciais constitui-se em uma análise piloto, que aplica as categorias avaliação e identificação. Os dados apontam para uma avaliação negativa sobre a experiência deatuação com surdos diante de situações específicas. Por outro lado, há uma avaliação positiva sobre esse aspecto, a qual está ligada à importância da atuação de intérpretes de Libras na universidade para incluir pessoas surdas. Outra questão é a identificação da pessoa surda a partir da deficiência, esta identificação pautada nesse aspecto sustenta ideologias pautadas no poder clínico.