TERRITÓRIOS EM RESISTÊNCIA NO MUNDO SOCIAL DA VÁRZEA: a cartografia social dos ribeirinhos e quilombolas da Ilha Xingu/PA
Ribeirinhos. Mundo social da várzea. Grandes empreendimentos. Devastação. Leis conflitantes.
O estudo faz uma abordagem sobre as identidades coletivas e resistência do povo ribeirinho, em seu processo de territorialização. Trata das transformações socioambientais nesses territórios ribeirinhos da várzea que compõe a parte insular do município de Abaetetuba no estado do Pará, especificamente o PAE Santo Afonso na ilha Xingu, ambiente afetado, a partir década de 1980, com a construção de grandes obras de infraestrutura como a Usina Hidreletrica de Tucuruí (UHT) e complexo industrial e portuário Albras/Alunorte em Barcarena, e atualmente, com a possibilidade de construção de um Terminal Portuário de Uso Privado TUP, pela empresa norte americana Cargill Agrícola S.A. Tem por objetivo principal, analisar as transformações socioambientais que ameaçam direitos territoriais e os modos de vida dos agentes sociais que fazem da várzea um mundo social. Sendo uma pesquisa de caráter interdisciplinar busca uma integração das questões territoriais e ambientais com as ciências sociais e humanas, fundamentando-se nos conceitos de conflito socioambiental (ACSELRAD, 2010), territorialidade especifica e devastação (ALMEIDA, 2014). Metodologicamente fez-se a etnografia desse processo que coloca no centro das disputas territoriais, as identidades coletivas, em sua luta contra o Estado e os grandes empreendimentos. E para representar essas territorialidades fez-se uso da representação cartográfica, através da cartografia social, pois para fazer frente a essas disputas no jogo do poder, os coletivos utilizam-na como estratégia de defesa de seus territórios, e assim, a cartografia social se cruza com essas disputas em jogo, e torna-se instrumento de valorização política e identitária. Conclui-se que existe uma convergência de interesses entre os atores do desenvolvimento, que não dialoga com os interesses dos povos e comunidades tradicionais. Sendo que essas afirmações podem ser observadas mais detidamente na edição das leis, que tem como maiores beneficiários as grandes companhias do agronegócio mundial e grupos empresariais que se territorializam nessa região do Baixo Tocantins, os quais tem desterritorializado e desestruturado modos de vida de povos e comunidades tradicionais no mundo social da várzea de Abaetetuba.