NARRATIVAS PECONHEIRAS DO RIO QUIANDUBA: A invisibilidade racial e de gênero na coleta do açaí
Interseccionalidade; Gênero; Raça; Narrativas de mulheres peconheiras.
A partir do tema gênero, raça e trabalho, temos como objeto de pesquisa intersecções de gênero e raça na atividade laboral das peconheiras, tendo como lócus de pesquisa a comunidade ribeirinha do Rio Quianduba, em Abaetetuba – PA. Nos concentramos nas narrativas das peconheiras, buscando observar, a partir de seus relatos, como as suas vivências, direcionadas pelo trabalho e pela identidade peconheira, são atravessadas por tais intersecções, visto que, em sua maioria, são mulheres negras que trabalham desde cedo no processo de colheita do açaí, incluindo a feitura das rasas e da peconha. Para tanto, problematizamos como questão central de pesquisa: Como a atividade laboral das peconheiras da comunidade do Rio Quianduba apresenta intersecções de gênero e raça, a identidade peconheira? Como possível resposta a essa problematização, entendemos que a atividade laboral das peconheiras da comunidade do Rio Quianduba apresenta complexidades impostas pelas dinâmicas que constituem as relações de interseccionalidade de gênero e raça nessa parte do território abaetetubense, considerando a ativa participação de mulheres peconheiras no processo manual do circuito do açaí. Sob esta premissa, temos como objetivo geral: Discutir de que modo a atividade laboral das peconheiras da comunidade do Rio Quianduba, em Abaetetuba – PA, apresenta intersecções de gênero e raça, desvelando traços de uma identidade peconheira. No que concerne ao escopo teórico, nosso aporte concentra-se nos estudos sobre interseccionalidade, raça, gênero e trabalho, em viés antirracista e voltados às mulheres do campo. Teremos como aporte também estudos sobre identidade, considerando que identidade, gênero, raça e trabalho são construtos sociais que estão em constante processo de reelaboração, em meio às tensões sociais que se apresentam. Por sua vez, no que concerne à metodologia adotada, buscamos aporte na História Oral ou História Pública, no que concerne às narrativas que serão apresentadas, tendo como base do estudo a etnografia. Para tanto, serão utilizadas, a par de uma metodologia inter e multidisciplinar, a pesquisa de campo, a observação participante e teremos como instrumentos metodológicos de coleta/registro de informações, as entrevistas semiestruturadas, o questionário, o diário de campo e a foto-documentação.