UM ESTUDO DE CASO DOS IMPACTOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E AMBIENTAIS PROVOCADOS PELO ARREFECIMENTO DA ATIVIDADE OLEIRA NO RIO BAIXO AJUAÍ (ABAETETUBA-PA)
Trabalho oleiro; Ambiente; Impactos Socioambientais; Baixo Tocantins.
As olarias situadas nas ilhas do município de Abaetetuba, na região do Baixo Tocantins (no Estado do Pará) ocupam posição de destaque na economia regional, tendo também relevância socioeconômica em função da geração de receitas, postos de trabalho e da fabricação de produtos fundamentais para o setor da construção civil. Esta investigação apresenta e discute, a partir da realidade dos trabalhadores oleiros da comunidade ribeirinha do Baixo Ajuaí, os impactos socioambientais dessa atividade econômica e o arrefecimento da mesma. Vale ressaltar que este processo já vem sendo observado há cerca de uma década, quando as principais olarias da comunidade começaram a encerrar suas atividades. O objetivo deste estudo é analisar a dinâmica de organização do trabalho oleiro, considerando sua origem, seu desenvolvimento, suas implicações para o ambiente, bem como a vida social e as perspectivas de futuro dos trabalhadores, visto que é observado um “efeito dominó”, pois em pouco tempo uma nova olaria deixa de existir. A abordagem é de cunho predominantemente qualitativo, incluindo também o mapeamento digital através de softwares livres de cartografia, como o QGIS, o TrackMaker e o Google Earth. Para a construção do trabalho foi necessário recorrer à pesquisa bibliográfica, à pesquisa documental e à pesquisa de campo. A pesquisa de campo foi realizada em dois momentos distintos: o primeiro, executado ainda no início de 2020, na comunidade que é o locus da pesquisa, diretamente nas olarias, sendo verificado e mapeado via coleta de pontos de GPS o quantitativo de olarias que já existiram e quantas ainda estão em funcionamento; e no segundo momento foram feitas visitas nas residências de ex-trabalhadores oleiros e ex-donos de olarias, assim como de pessoas que ainda atuam no ramo, a fim de entender os fatores que levaram ao fechamento da atividade e quais as perspectivas futuras para aqueles que perderam seus postos de trabalho. Uma das principais dificuldades da coleta de dados foram as restrições sanitárias impostas amplamente em todo o mundo por causa da pandemia de COVID-19, e por isso a segunda parte do trabalho de campo foi possível de ser realizada com segurança no início de 2022, tendo sido inviabilizado por um período de quase dois anos. Como instrumentos de coleta de dados foram adotados questionários e roteiros de entrevistas semiestruturadas. De acordo com critérios previamente estabelecidos, o questionário, com perguntas abertas e fechadas, foi aplicado aos trabalhadores de diferentes olarias e com seus respectivos donos, com o propósito de compreender suas condições de trabalho e de vida, suas impressões sobre as consequências da atividade oleira para o ambiente e suas perspectivas de futuro. Para cada tipo de sujeito foi elaborado um roteiro específico buscando elucidar questões importantes para a compreensão do objetivo da dissertação. Durante a pesquisa de campo foi utilizada a técnica de observação participante, a qual possibilitou a aproximação e a vivência com os sujeitos da pesquisa. Além disso, também foram realizados registros fotográficos e anotações em um diário de campo, que subsidiaram a elaboração final do texto. Como principais resultados, a pesquisa demonstrou os fatores mais importantes que estão influenciando negativamente para o arrefecimento da atividade oleira, o desenvolvimento da mesma na comunidade, as particularidades da organização do trabalho nas diferentes fases do processo produtivo, as fragilidades das relações de trabalho, bem como as formas de acesso e uso aos recursos naturais, seus impactos socioambientais e, por fim, quais as novas alternativas de trabalho que os sujeitos da pesquisa estão buscando frente ao arrefecimento progressivo dessa atividade.