A REPRESENTAÇÃO DO PODER SOBERANO EM ILHA DA IRA DE JOÃO DE JESUS PAES LOUREIRO
Ilha da Ira; Poder Soberano; Violência.
Na presente pesquisa nossa perspectiva central é analisar a narrativa teatral Ilha da Ira (1976), de João de Jesus Paes Loureiro, tendo como o conceito norteador a violência proposta pelo autor Giorgio Agamben (2002). Para a análise serão utilizadas seleções das passagens da narrativa em que se observam as relações conflituosas existentes entre os personagens que compõem a narrativa. Ilha da Ira é composta por 17 (dezessete) cenas e caracteriza-se pelo diálogo entre a história e a ficção, o real e o imaginário mítico-lendário da Amazônia, o imaginário proveniente da literatura clássica, as relações entre diferentes episódios da história do Brasil, construindo um universo de referências que dialogam entre si. O estudo tem como objetivo mostrar que a violência e suas formas de manifestação são perpetradas pelo regime de governabilidade na Ilha vigentes aos comandos da personagem a Velha. No que concerne os procedimentos metodológicos, realizamos uma pesquisa de cunho bibliográfico para compor conceitos da categoria violência e relações de poder para melhor delimitar o problema que elegemos. A escolha por esse tema se fez por acreditar que em tempos de extrema violência e aniquilamento da vida, a tarefa de rememorar e o acesso à arte é parte do processo de reconhecimento dos lugares sociais em tempos diversos àquele em que nos encontramos, pois para melhor compreendermos nossa contemporaneidade precisamos voltar o olhar para os outros tempos e outras experiências, que proporciona um pensar mais crítico, liberto e reflexivo, nas palavras de Paulo Freire.